Logo O POVO+
MODA: Necessidade de consumo consciente
Foto de Carol Kossling
clique para exibir bio do colunista

Carol Kossling é jornalista e pedagoga. Tem especialização em Assessoria de Comunicação pela Unifor e MBA em Marketing pela Faculdade CDL. Pautou sua carreira no eixo SP/CE. Fez parte da equipe de reportagem do Anuário Ceará e da editoria de Economia do O POVO. Atualmente é Editora de Projetos do Grupo de Comunicação O POVO

MODA: Necessidade de consumo consciente

Tipo Opinião
IORRANA Aguiar (de branco) reutiliza resíduos têxteis da indústria do mobiliário para criar moda praia  (Foto: divulgação)
Foto: divulgação IORRANA Aguiar (de branco) reutiliza resíduos têxteis da indústria do mobiliário para criar moda praia

Um dos setores que vem trabalhando ações que estão inseridas nas práticas do ESG ou ASG (Ambiental, Social e Governança) é a moda e toda a sua cadeira. Muitas vezes criticada por incitar um consumo desenfreado e com práticas não adequadas em relação às questões socioambientais e laborais, o cenário vem mudando lentamente para um consumo consciente, reaproveitamento de materiais e atenção maior ao universo cultural, social e comportamental.

Na opinião do consultor do Senac Ceará, Eduardo Motta, o setor é muito vulnerável e sujeito aos acontecimentos que possam desvalorizar os investimentos de capitais. “O fast fashion colocou isso de uma maneira muito grande, pois a ideia de produzir barato para um consumo descartável vai na contramão de tudo que estamos vivendo atualmente”, reflete. E quando surge essa série de parâmetros do ESG, respaldada pela Organização Mundial das Nações (ONU), é um negócio importante, segundo Eduardo.

Há um impacto extremamente positivo para a moda estar atrelada a essas frentes culturais, como o consumo consciente. “Hoje existe uma pressão maior com esses movimentos bem-intencionados e progressistas. Mas é preciso ser realista e não ver apenas a subjetividade das ações. Não basta um selo, é um trabalho constante. Ser consciente é entrar numa zona de conflito e tensão, pois envolve custos, investimentos e restrições”, ressalta o consultor.

Entrelaçar

A marca cearense de moda praia, Sand Blue, está utilizando resíduos da indústria de móveis para transformar em acessórios para biquínis, ressignificando por meio do design. “A ideia surgiu quando vi os camburões com resto de cordas náuticas na indústria Jacaúna. Pensei vou levar esse material para o beachwear e começar a testar. Estudei nós náuticos. A partir daí, comecei a utilizar como acessórios de biquínis e maiôs”, conta a diretora de marketing, Iorrana Aguiar.

Social e ambiental

Outro estilista cearense que há anos pratica o upcycling é o Kallil Nepomuceno que reaproveita retalhos de tecidos do seu ateliê para compor sandálias e acessórios. Além disso, a coleção “Sobre Novo Olhar”, reaproveitou peças de coleções anteriores que foram tingidas e receberam apliques e pedrarias, outra característica do profissional. A coleção é alusiva ao Hospital de Olhos Caviver que atende crianças com problemas de saúde ocular. Em junho, um desfile acontecerá na Estação das Artes com renda revertida para a causa.

Movimento DES.A.FIO

A Malwee lançou o primeiro moletom feito com o ‘fio do futuro’, matéria-prima inovadora produzida a partir de roupas usadas que seriam descartadas. Ele não está à venda e pode ser adquirido por meio de doação de roupas usadas. A primeira ação aconteceu em São Paulo, no último dia 17.

Esta atitude faz parte do Movimento DES.A.FIO que surgiu para acelerar a transformação da moda circular e minimizar os impactos que o descarte e o uso desenfreado de recursos naturais provocam na natureza. De acordo com estudo do Instituto Modefica, em parceria com a FGV, no Brasil são produzidas mais de 8 bilhões de peças de roupa por ano, o que corresponde a 42 novas peças por pessoa em 12 meses. Inevitavelmente, as roupas adquiridas serão descartadas ou doadas, poucas serão recicladas.

O Fashion Revolution, que já prois campanhas como “quemfezminhasroupas, #doquesãofeitasminhasroupas, #acordequemfezminhasroupas, está na quarta edição do Índice de Transparência da Moda e analisou 50 marcas em relação a suas práticas de relacionamento com fornecedores, ações para diminuir impactos socioambientais e estratégias de inclusão e diversidade.

Constatou que as empresas estão muito aquém em relação a transparência do trabalho em toda cadeia da moda. Entre as marcas que se destacaram positivamente estão CEA, Malwee, Renner, Youcom e adidas. E entre as que mais saltaram no índice entre 2020 e 2021, estão Riachuello, Arezzo, Dafiti, Ipanema e Melissa.

Rentabilidade

Entre as empresas do setor da moda, têxtil e varejo, que estão listadas B3, Bolsa de Valores oficial do Brasil, temos Alpargatas, Marisa, Arezzo, CEA Modas, Grazziottin, Guararapes, Lelis Blanc, Renner, GrupoSoma, Karsten, Coteminas, Santanense e Dohler. 

Foto do Carol Kossling

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?