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Mais música!
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Linguista e semioticista, professora da Universidade Federal do Ceará, com doutorado na Universidade de Liège (Bélgica) e pós-doutorado na Universidade de São Paulo

Mais música!

Os músicos de concerto formados nas universidades só encontram hoje trabalho fora do Estado. É a perspectiva de um emprego que pode tornar atraente e relevante a profissão de músico
Tipo Opinião
A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional se apresenta no Hospital da Criança de Brasília como parte do projeto Concertos da Saúde. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional se apresenta no Hospital da Criança de Brasília como parte do projeto Concertos da Saúde.

De que precisa Fortaleza para que possa construir uma cena de música de concerto potente? Talvez alguém diga que é preciso um espaço físico. E, de fato, nos últimos anos a cidade somou ao Theatro José de Alencar - iniciativa mais ligada ao teatro e à dança - o Cineteatro São Luiz. O São Luiz adicionou, desde sua reinauguração em 2014, toda uma programação musical à cidade.

Mas precisamos rechear os espaços de músicos. A formação em música no âmbito público passa muito pelo ensino superior, na UFC, na Uece e no IFCE, ou seja, só são acessíveis àqueles que já (ou ainda) estão em idade de formação superior e que escolheram essa via como profissão. Além disso, predominam nessas escolas a licenciatura, que forma professores de música, com poucos bacharelados, que formam o músico profissional.

É nesse contexto que, em 2024, é fundada a Escola Pública de Música de Fortaleza, parte do complexo cultural Vila das Artes, ligado à Secretaria de Cultura do Município. Uma formação musical básica e gratuita na cidade ficava essencialmente na conta da Casa de Vovó Dedé, organização da sociedade civil, não se tratando, portanto, de uma iniciativa pública.

A EPM abre espaço para uma formação de base, que abriga tanto jovens e crianças, quanto uma população que já não considera uma formação universitária. Ao criar-se um aparelho público para a construção dessa base, Fortaleza começa a cobrir uma gama mais ampla de formação, inclusive fornecendo, potencialmente, jovens mais bem preparados para os cursos superiores de música.

Enfim, para além do espaço físico, os músicos precisam de um espaço institucional onde tocar. Os músicos de concerto formados nas universidades só encontram hoje trabalho fora do Estado. É a perspectiva de um emprego que pode tornar atraente e relevante a profissão de músico. Ainda que haja iniciativas relevantes no interior das universidades como a OSUECE e a OSUFC, falta ao Ceará uma orquestra profissional.

É essa importante lacuna que vem suprir o Projeto de Indicação 704/2023, aprovado na Alece em abril para a criação da Orquestra Sinfônica do Estado do Ceará, que aguarda a implementação do governo Elmano. A criação da Orquestra configura-se, assim, em peça central de um longo processo de instauração e institucionalização da música de concerto no Ceará.

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