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O problema fundamental da floresta do Aeroporto
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Editora-adjunta do O POVO+ especializada em ciência, meio ambiente e clima. Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é premiada a nível regional e nacional com reportagens sobre ciência e meio ambiente. Também já foi finalista do Prêmio Einstein +Admirados da Imprensa de Saúde, Ciência e Bem-Estar na região Nordeste

Catalina Leite meio ambiente

O problema fundamental da floresta do Aeroporto

Ainda é um indício de falha e incivilidade humana ignorar o valor da vida em si, do direito inalienável dos seres não-humanos e mais-que-humanos existirem em plenitude
Tipo Opinião
FORAM desmatados 32 hectares da Floresta do Aeroporto (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORAM desmatados 32 hectares da Floresta do Aeroporto

Fortaleza amanheceu surpresa na segunda-feira, 22, com a notícia do desmatamento da floresta do Aeroporto, área de 32 hectares com características de Mata Atlântica. Enquanto o Ibama diz que ainda avaliava as autorizações da Aerotrópolis, a Semace afirma que irá — somente após o malfeito feito — investigar o manejo de fauna que deveria ter sido realizado pela empresa.

A Aerotrópolis, em sua razão, afirma que o centro logístico tem investimento total de 1 bilhão de reais e que empregará diretamente 7.500 pessoas nas duas primeiras etapas de construção. As cifras empolgam o poder público e privado; mas são raramente calculados os bilhões economizados em serviços ecossistêmicos prestados à Cidade pela fauna e flora daquele pedaço de terra.

Mesmo que essa cifra fosse considerada, ainda é um indício de falha e incivilidade humana ignorar o valor da vida em si, do direito inalienável dos seres não-humanos e mais-que-humanos existirem em plenitude. Nenhum galpão logístico paga a vida suprimida irresponsavelmente. Esse continua sendo o problema fundamental.

Fortaleza tem o desafio e o dever de reconsiderar o que é desenvolvimento. Apesar de os animais e as plantas não serem eleitores e consumidores, eles são tão habitantes da Cidade quanto eu e você. Quem diz é a Constituição Federal, carta ameaçada constantemente, mas que segue como a lei maior — mesmo para os interesses econômicos.

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