
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Não sei afirmar se políticos expoentes que seguem e idolatram mitos que criam e que impõem aos povos como o “suprassumo” da política (dentre outros políticos nem tanto exponenciais, mas desejosos de notabilidade) conseguiram sujeitar partes das populações brasileiras, ou se essas partes já se encontravam com o sentimento de “domadas” antes mesmo do destaque que eles conseguiram local e nacionalmente a ponto de as influenciarem.
A idolatria tem um aspecto curioso: é muito boa para o ídolo e muito ruim para o idólatra, enquanto este se sente feliz, pois gera a cegueira, a impossibilidade real de se ter postura crítica sobre o que faz e deixa de fazer o ídolo. Pensando e agindo com vendas nos olhos, o idólatra se vê comprometido a “assinar embaixo” tudo o que pensa, defende e faz seu divo, validando, em nome dele, o que não deveria nem ser proposto, quanto mais validado.
Considerando a enormidade do Brasil e que nele as condições de existência se revelam desiguais devido a fatores como classe social, condição socioeconômica, educação, cultura, por exemplo, é possível, sim, se dizer que existem populações mais suscetíveis a falsos apelos e promessas ilusórias de políticos cujos interesses pessoais – associados aos de pequenos grupos por eles representados e detentores de amplo capital – sempre se tornam o tema e o lema para suas atuações na ambiência política. Fazem, tais políticos, muitas vezes, o que não deveria ser feito.
No cotidiano, como escuto os clichês “O povo não sabe votar”, ou “Cada povo tem o governo que merece”! Por trás das duas afirmações existe a insatisfação de quem se vê contrariado ao perceber ter sido sua escolha política suplantada por seleção popular de político com ideias contrárias às suas. São muito rasos os dois chavões. No entanto, entendo ser realmente possível a má escolha de políticos pelas populações ou por partes delas; uma vez que qualquer político somente se elege se obtiver votos suficientes para se consolidar sua eleição, cabe às populações fazerem as escolhas certas para terem suas necessidades atendidas. Nem sempre tais escolhas são acertadas.
O melhor político, então, será sempre alguém investido de honestidade e respeito às demandas das populações eleitoras. Não me refiro aqui à representação “lobista” que protege as ambições de pequenos grupos em troca de algum favorecimento pessoal, mas àquela representação responsável por buscar as melhores condições de vida para as pessoas mais carentes. Afasto, então, do âmbito da boa representação política, aquele político não defensor de mais saúde, mais educação, mais empregos e melhores condições trabalhistas, mais qualidade de vida, enfim, para todos, não somente para alguns poucos.
Afasto, também, portanto, do mesmo âmbito, aqueles eleitos autodeclarados “representantes do povo”, mas que investem em postura contrária à existência de nosso país como nação soberana. Por que o Brasil deve sucumbir aos desejos de quem o vê como espaço territorial de muitas riquezas a serem exploradas por país estrangeiro de características imperialistas aviltantes?
Diante de toda aquiescência cega por parte do idólatra, o ídolo se sente poderoso e faz o que quer com seu admirador, manipulando-o até as raias dos absurdos. Avalio que estamos vivendo isso nitidamente no que se refere ao ambiente político brasileiro, com implicações extranacionais. Um tal “mito” e sua trupe, cada vez mais, agem pensando nos próprios umbigos, ignorando, solenemente, todos que lhes serviram para se tornarem o que se tornaram – pessoas com função pública adquirida através de voto popular, contudo desprezadores da confiança recebida.
Nesse enredo criado, há adesistas seguidores dessa ideia de submissão do governo e da nação brasileira a governo e nação da América do Norte. Arrogantes, consideram-se acima das normas legais e mesmo contribuem com ações na tentativa de subvertê-las de maneira tal a tornarem-nas favoráveis a eles e aos seus próximos, pouco lhes importando se o país, em curto ou médio prazo, possa se tornar “uma terra arrasada”.
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