
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira
Todos nós sabemos que a formação do ser humano para uma vida social ajustada tem início na infância.
A maneira como nós pais criamos nossos filhos em associação ao que estes vivam nas comunidades de que façam parte poderá determinar como será nossa prole quando se tornar jovem e adulta. A criação formadora do caráter da pessoa humana se dará pela atenção dos pais e da influência das comunidades à criança, pelo carinho, pelo amor e pelo respeito que eles dediquem a ela, mas também pelos exemplos que todos lhes darão a partir de suas atitudes.
A psicologia nos diz que a forma como se dá a interação do adulto com a sociedade em que ele vive sempre é marcada por profunda influência do que esse adulto viveu, experienciou, testemunhou quando estava na infância, desenvolvendo seu caráter. Diz a psicologia que crianças super mimadas, ou seja, crianças protegidas em excesso, crescendo sem limites claros do que possam ou não possam fazer, tendo todas as suas vontades atendidas na ausência de qualquer freio, costumam desenvolver padrões de conduta difíceis de serem alterados quando a idade adulta chega.
Muitas dessas crianças criadas à base da liberdade total crescem com o entendimento de poderem tudo, sem considerarem o respeito ao outro e a regras vigentes onde vivem. Tais crianças mimadas muitas vezes se tornam pessoas maduras intransigentes e agressivas, “respirando” dia a dia a compreensão de o mundo girar em torno de si. Esse entendimento faz crescer o sentimento egóico e isso concorrerá para elas se tornarem pessoas tiranas.
Quando pais não ensinam aos filhos a existência de limites ao que estes queiram fazer, contribuem, sobremaneira, com todo o desenvolvimento pervertido deles. Aos pais é pertinente a sapiência de lidarem com situações comuns na infância denunciadoras de voluntarismo a posicionamentos e ações egoístas, a ponto de neutralizarem, via orientações, comportamentos inadequados. Aos pais cabe a atenção necessária para contribuir com o desenvolvimento, nos filhos, da consciência de que o mundo não é somente deles e que, portanto, não podem fazer o que lhes der vontade simplesmente porque desejam, como se o desejo deles seja mais importante que qualquer outra coisa. Os pais não devem considerar, por risco de má-formação de caráter nos filhos, que a eles tudo deve ser permitido, franqueado.
É de conhecimento coletivo: a criança mimada não divide nada, mas busca acumular para si tudo o que cai sob seu olhar. Não divide seu carrinho no momento de uma brincadeira com outras crianças; não divide a bicicleta; não divide a bola para um jogo; não permite a divisão de nada que lhe pertença e ainda investe sobre o brinquedo ou sobre as posses de outras crianças, às vezes porque tudo lhe desperta desejo, às vezes pelo prazer de não permitir a brincadeira ou os domínios de outras crianças. Na sua visão, o que importa na vida, única e exclusivamente, é o que lhe importa.
A infância em deturpação pode gerar adultos desvirtuados e quando isso acontece as repercussões de ações deles na vida social se expressam por atos de indisciplina e desrespeito a regras necessárias ao bom convívio social, pela falta de empatia, por intransigências, por agressividades e violências contra tudo e contra todos. Um ser mimado, com visão egóica desenvolvida marcando sua existência “humana”, distorce a realidade social e pode torná-la insuportável. Principalmente quando tem ou acha que tem o poder sobre os outros nas suas mãos.
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