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Fugaz
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Chico Araujo é cearense, licenciado em Letras, professor de Língua Portuguesa e de Literatura brasileira

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Os times, então, de maneira bem perceptível, apresentam desempenhos pertinentes à folha de pagamento ostentada
Tipo Crônica
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A tristeza que se abate sobre torcedores futebolísticos diante da derrota de sua equipe favorita é momentânea. E que assim seja sempre, pois, no futebol, assim como em qualquer outra competição esportiva, a gangorra do ganhar e perder é cíclica.

Se a derrota é por causa de um jogo, a tristeza equivale a uma irritação leve, pequena, passageira, durando apenas o tempo dos comentários entre amigos regados a cervejas, cachaças, vinhos, vodcas, refrigerantes, água. Depois da bebedeira, com ou sem ressaca, tudo passa. O dia posterior à contenda perdida já é vida que segue e com renovada esperança de que os tempos bons virão.

No jogo seguinte, com a alegria e o desejo de que agora tudo vai dar certo, quem é de ir a estádio gasta ali seus reais com ingressos, bebidinhas, "cai-duros" etc. e tal e é só sorrisos. Quem é de ver jogos pela TV fica em casa, sozinho, em família ou entre amigos, ou nessa mistura amistosa de torcedores, cumprindo seu tempo de expectativas.

Se a vitória vem, o jogo anterior será só passado a ser posto no plano da fatalidade aceitável; se nova derrota acontece, o peso dela se junta à amargura da anterior e, como torcedor é bicho ingrato, já começa a pedir a cabeça do treinador. Dois dias depois, a vida vai seguindo, novamente com renovada esperança de que, enfim, um dia tudo mudará para melhor.

Se, no entanto, a derrota vem ao final de um campeonato... Vixe!!! O bicho pega!!! Adultos, jovens, crianças, homens, mulheres se desmancham em lágrimas e se veem incrédulos com a derrocada, por mais que ela tivesse sido antevista, devido à observação atenta de como foram as partidas no transcorrer do campeonato, considerando desempenho dos jogadores, organização tática da equipe, sistemas de jogo adotados pelo treinador, dedicação dos dirigentes do clube etc. etc. etc.

Em torneios, sempre há melhores equipes, equipes medíocres, equipes ruins, piores. Os plantéis são variados. Há times com jogadores muito jovens e inexperientes, outras com atletas mesclados na experiência como jogadores mais velhos e na juventude de jogadores mais novos, outras ainda contando com o concurso de jogadores já bastante “rodados”, como se diz. Há, ainda, atletas que ganham um bom salário, outros com pouquíssimos ganhos, na comparação, e outros ainda faturando valores extraordinariamente superelevados.

Os times, então, de maneira bem perceptível, apresentam desempenhos pertinentes à folha de pagamento ostentada. Os clubes mais ricos costumam contratar jogadores mais habilidosos, formam plantel bem estruturado o qual permite troca de um atleta por outro no momento de um jogo sem que a permuta ocasione perda para a equipe. Os clubes com menor possibilidade financeira, coitados, costumam levar “peia” e mais “peia” nas competições. Torcer, então, por time rico, equivale a se abraçar com a felicidade por muitas vitórias. Já torcer pelos outros...

No plano geral, a vitória sempre almejada por todos nem sempre se confirma e a ausência dela muitas vezes causa grandes abalos emocionais em muita gente não aceitante das perdas. Aí é um sofrimento só, angústia, tristeza profunda difícil de ser superada. Até que começa um novo campeonato, chegando com ele novas perspectivas de que... dessa vez vai!!!

É o que está acontecendo com torcedores do Ceará e do Fortaleza. Ambas as equipes causaram muito sofrimento às suas torcidas nesse dezembro de 2025, porém, estas já meditam sobre 2026, ano que já está ali quase dobrando a esquina e trazendo com ele a tal da nova esperança de que... dessa vez vai!!!

Para quem?

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