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Os desafios do Brasil 60
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Reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), é graduada em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), doutora em Engenharia Elétrica e da Computação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Pós-Doutorado, no Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA)

Os desafios do Brasil 60

Somente neste ano, as denúncias de violência contra idosos apresentaram crescimento de 38%, nos primeiros meses do ano, conforme os registros da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH)
Atividades Física na terceira idade
Na foto: Idosos fazem atividade Fisica  na Praça Eduardo Correia
Foto: Deivyson Teixeira, em 09/09/2011 (Foto: DEIVYSON TEIXEIRA)
Foto: DEIVYSON TEIXEIRA Atividades Física na terceira idade Na foto: Idosos fazem atividade Fisica na Praça Eduardo Correia Foto: Deivyson Teixeira, em 09/09/2011

O noticiário aponta: já somos um país com mais pessoas idosas que jovens. Em duas décadas, o número de brasileiros com mais de 60 anos saltou de 15,2 milhões para 33 milhões de pessoas, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Estamos vivendo mais. Mas de que forma? O panorama apresentado pelos indicadores apresenta um Brasil com uma população idosa em crescimento, em contraponto a uma queda da população jovem, considerando fatores diversos.

Este retrato reforça a necessidade urgente de se pensar: como o país pretende envelhecer saudável, com qualidade de vida, e com a garantia dos direitos constitucionais de cada cidadão? Na resposta a esta questão, a urgência na construção de políticas públicas para pessoas idosas.

O Estatuto do Idoso (Lei Nº 10.741/2003) é um importante instrumento de defesa dos direitos desta população, orientando quanto às formas de se constituir uma sociedade mais justa para pessoas com mais de 60 anos. Entretanto, ainda nos deparamos com um cenário de desrespeito a estes princípios. Somente neste ano, as denúncias de violência contra idosos apresentaram crescimento de 38%, nos primeiros meses do ano, conforme os registros da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH).

Na construção de uma rede de proteção e de potencialização de ações em favor da pessoa idosa, as universidades públicas têm desenvolvido programas que integram ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas para este público. Projetos consolidados, como as universidades da terceira idade, e novas formulações, têm contribuído para ampliar o acesso de pessoas idosas à universidade, promovendo novas possibilidades de qualidade de vida e a oportunidade de interação com a juventude presente nos espaços acadêmicos.

Na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), conseguimos alcançar este público através do programa de extensão Uern 60+, que já está formando a sua segunda turma. Temas como saúde e bem-estar na terceira idade, letramento digital, educação midiática, e cidadania fazem parte do programa, que é um espaço de sociabilização saudável e de potencialização da autoestima, confiança e bem-estar para os participantes.

No diálogo com as turmas, formadas em sua maioria por mulheres, o pertencimento ao mundo da universidade demonstra-se como algo novo e que traz vitalidade. “Quando saio de casa, me perguntam: tá indo pra onde? Eu encho a boca para dizer: estou indo para minha aula na Uern”, comentou uma aluna, com pouco mais de 70 anos, feliz e de sorriso contagiante.

O nosso desafio maior não é construir um país que envelheça, mas uma nação que ofereça as condições para uma população idosa e feliz.

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