Reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), é graduada em Ciência da Computação, mestrado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), doutora em Engenharia Elétrica e da Computação, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Pós-Doutorado, no Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA)
Os números do Enem 2025 mostram um crescimento no total de inscritos com mais de 60 anos de idade. São mais pessoas idosas buscando a universidade, querendo aprender e descobrir novos mundos e possibilidades
Foto: FERNANDA BARROS
"Percepções acerca do envelhecimento na sociedade brasileira" foi o tema escolhido para a redação do Enem 2025; veja opiniões de participantes sobre
Sempre é tempo de aprender. Muitas vezes, essa frase, descontextualizada, é jogada no mar da demagogia e da desconfiança, por pessoas que desacreditam no poder de reinvenção e resiliência de quem decidiu encarar o tempo de vida como um aliado e não um adversário. Os dados recentes, em levantamentos e pesquisas diversas, apresentam que essa frase tem feito cada vez mais sentido na sociedade brasileira, que enxerga no espelho o desafio de envelhecer com saúde, disposição e abertos a novas experiências e descobertas.
A redação do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2025 trouxe como tema o envelhecimento. Os candidatos, futuros estudantes universitários, tiveram que refletir e apresentar uma opinião embasada sobre "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira". Um reflexo de que este tema vem tendo outros olhares, em diversas esferas da sociedade, mesmo com tantos desafios ainda persistentes em relação ao cumprimento dos direitos constitucionais da pessoa idosa.
Os números do Ministério da Educação (MEC) sobre o Enem 2025 retratam essa mudança. Nesta edição, observou-se um crescimento no total de inscritos com mais de 60 anos de idade. São mais pessoas idosas buscando a universidade, querendo aprender e descobrir novos mundos e possibilidades.
A quantidade de idosos inscritos no Enem deste ano cresceu 191% se comparado aos números de 2002. Foram 17.192 inscritos em 2025, contra 5.900 do Enem 2002. No Rio Grande do Norte, 454 pessoas idosas fizeram a inscrição no Exame. No Ceará, foram 763 inscritos com mais de 60 anos de idade. Estes dados nos mostram algo que já estamos percebendo, no desenvolvimento dos programas educacionais das universidades públicas voltados à terceira idade: há uma sede de conhecimento.
Na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), o Programa Uern 60+ tem sido este elo e vem mudando a perspectiva de acolhimento das pessoas com mais de 60 anos. Em 2024, formamos 58 alunos nos cursos de extensão, na primeira edição do programa. Neste ano, vamos certificar 407.
Mais do que números, é no contato com esses alunos que percebemos uma vontade de aprender cada vez mais evidente e intensa. E, a partir de 2026, além dos cursos de extensão, o Uern 60+ passará a contemplar também os cursos de graduação, resultado do diálogo com as unidades acadêmicas e de uma construção coletiva.
O avanço da participação de idosos na educação superior reafirma que o direito de aprender é contínuo e universal. Envelhecer com dignidade passa também por ocupar espaços de formação, socialização e expressão. Não sabem eles que o aprendizado maior é o que eles nos oferecem. Um aprendizado de vida e de gerações.
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