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A rota da Boa Esperança
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É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)

Cláudia Leitão arte e cultura

A rota da Boa Esperança

Tipo Opinião
Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos 
 (Foto: IANA SOARES)
Foto: IANA SOARES Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos

Graças ao Centro Internacional Celso Furtado, tenho me aproximado de economistas que continuam a visitar as ideias furtadianas para pensar o Brasil. A tarefa nunca foi fácil, especialmente, em tempos abismais. Afinal, o Brasil, a que será que se destina?

Para enfrentar essa pergunta, que faria tremer o próprio Oráculo de Delfos, Paulo Nogueira Batista Junior relembra, em artigo recém escrito, de sua participação em uma mesa de debates sobre a Nova Rota da Seda, lançada em 2013, voltada à criação de projetos de infraestrutura entre Ásia, Europa, África e América Latina.

Em meio ao entusiasmo dos presentes, especialmente dos chineses com a Nova Rota da Seda, diz ele, Saturnino Braga (que nunca negou asas à imaginação!) teria retrucado: 'Por que não construir uma Rota da Boa Esperança, fundamentada na Grandes Navegações Portuguesas do século XVI?' Para Saturnino Braga, assim como para Batista Júnior, novas travessias entre Portugal, o pequeno país da Comunidade Europeia, e o Brasil, o gigante latino-americano pela própria natureza, seriam estimulantes para superar os desafios do desenvolvimento sustentável entre os continentes, privilegiando-se, suas dimensões sociais e ambientais.

Aqui, peço vênia ao autor, para também glosar o mote de Saturnino Braga. A Rota da Boa Esperança encontraria seu maior fundamento na cultura. Entenda-se cultura como matriz dos caminhos da sustentabilidade a serem trilhados pelos povos no planeta. Sim, somente a cultura seria capaz de mudar nossas crenças e valores, de reinventar a política, ou melhor, a cultura da política, essencial à transformação do mundo.

Indo muito além do mero estímulo econômico que originou a Rota da Seda, a Rota da Boa Esperança alimentaria sua potência transformadora no imaginário atlântico que animou, segundo Fernando Pessoa, as caravelas a "buscarem na linha fria do horizonte a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte, os beijos merecidos da Verdade".

O que nos propõe Saturnino Braga é audacioso porque está impregnado de imaginação e de sonho. E precisamos como nunca de uma nova diplomacia cultural! n

 

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