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Manifesto a Crioulização
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É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)

Cláudia Leitão arte e cultura

Manifesto a Crioulização

Tipo Opinião
Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos 
 (Foto: IANA SOARES)
Foto: IANA SOARES Cláudia Leitão, professora da Uece e sócia da Tempo de Hermes Projetos Criativos

De volta ao Brasil, trago na bagagem o 'Manifesto a Crioulização' de Mário Lúcio Sousa. A apresentação é de Gilberto Gil e não poderia ser diferente: os dois músicos e ex-ministros da Cultura continuam a pensar de forma sintonizada e livre, mais interessados no que há por vir do que em integrar os consensos de plantão.

A grande crise é mesmo a do pensamento e seu cortejo de velhos valores. Afinal, não foi, em nome desses valores que se definiram as ideologias hegemônicas sobre Raça, Trabalho, ou mesmo, sobre Felicidade? Pensar e manifestar-se sobre o novo é mesmo um exercício para audazes.

A partir de um Manifesto (viva os manifestos!) o caboverdiano Mário Lúcio nos incita a revisitar ideias mofadas pelos tempos bolorentos da Modernidade-Mundo. Assumindo a crise do Homo Sapiens, ele nos estimula a pensar a partir do Homi Criolo.

O fenômeno da crioulização, mais do que um produto estético, é, sobretudo, um imperativo ético, uma decisão política, uma forma consciente de ser e estar no mundo.

Longe de se constituir em um mero legado étnico, ser crioulo simboliza pactuar, não mais com o velho Contrato Social, mas, especialmente, com um novo Contrato Planetário e Cósmico que pressupõe o abandono do individualismo possessivo, dos limites territoriais, das condicionantes identitárias. Ele preconiza a potência de um mundo crioulo disposto a rehumanizar nos indivíduos o que a racionalidade moderna ameaçou destruir: "... os conflitos atuais são manifestações de um combate desesperado para a manutenção do velho.

Há sociedades que inventam conflitos para substituir conflitos, porque o novo já bateu à porta, mas o medo, o apego e a teimosia rejeitam-no... Um mundo novo, mapeado com base na Crioulização, redesenha os continentes e os oceanos, e irmana-nos pelo que queremos ser, e não por aquilo que nos impõem. Sem fronteiras para defender, porque habitamos o mesmo espaço mental; sem medo do estrangeiro, porque ninguém o é...sem diferença, porque somos todos diferentes; com a ideia do nosso espaço Terra; de um novo pensar, pensar Terra". n

 

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