É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)
O desafio da construção de novos mundos a partir do agir na rede social, implica na oferta de novos repertórios, de novos atores naturalmente marginalizados e invisibilizados
O social é sempre emergente e, por isso, encontrá-lo é um exercício de revelar o invisível, de mirar o pequeno de uma forma a fazê-lo maior e mais significativo, de conectá-lo com mais vigor na rede. Encontrar o social é, mesmo, um grande exercício de imaginação. Afinal, o desafio da construção de novos mundos a partir do agir na rede, implica na oferta de novos repertórios, de novos atores naturalmente marginalizados e invisibilizados.
A esse respeito, o princípio da biodiversidade cultural é essencial na ampliação dos atores-rede não humanos, fazendo da economia criativa um eixo estratégico para um novo desenvolvimento brasileiro.
Bruno Latour faz um chamamento aos novos coletivos, para que venham socorrer o Ocidente, sobretudo, àqueles considerados arcaicos e pré-modernos. O alerta de Latour, sobre o papel regenerador das comunidades tradicionais que ainda não foram varridas da Terra, em função dos desmandos do Antropoceno, também é uma convocação às epistemologias do Sul, um reconhecimento da pluralidade de seus valores e imaginários essenciais à regeneração dos seres vivos.
"Cessar de modernizar para ecologizar", conforme observa Eduardo Viveiros de Castro, também nos serve de alerta diante do esgotamento dos modos de viver da modernidade-mundo, que perverteu os sentidos do "criar" para os de "destruir", simbolizado pela imagem proposta por Davi Kopenawa, de um céu prestes a cair.
Em um mundo de indiferenças entre seres vivos, somente uma imaginação ativista, oriunda de uma cosmopolítica, pode redimir o planeta de um futuro funesto e trazer de volta os sentidos da Terra para os seres vivos.
Em agosto desse ano, a Lei dos Mestres da Cultura Tradicional Popular do Ceará celebra 20 anos de existência. Tenho imenso orgulho de ter, como secretária de cultura, provocado o Estado a agir na valorização e proteção dos "tesouros vivos". Afinal, são as comunidades tradicionais que integram casa, ofício, religião, trabalho, lazer e cuidados em torno do bem comum, ensinando-nos, sobretudo, a conviver. n
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