É mestra em Sociologia Jurídica pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Sociologia pela Sorbonne, Université René Descartes (Paris V). Criou e coordenou a Especialização em Gestão Cultural e o Mestrado Profissional em Gestão de Negócios Turísticos da UECE, onde é professora. Foi secretária municipal de Cultura e Turismo do município de Aracati (CE), superintendente do SENAC no Ceará (2001-2002) e secretária da Cultura do Estado (2003-2006). Foi responsável pela criação da Secretária da Economia Criativa do Ministério da Cultura. Atualmente, dirige o Observatório de Fortaleza do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR)
O grande paradoxo, alerta Durand, é que quanto mais uma sociedade é "informada", tanto mais as instituições que as fundamentam se fragilizam, ou seja, instituições são entrópicas, enquanto a informação vive da sua capacidade infinita de ampliação e viralização
Em tempos de proliferação de imagens e inanição de valores, é com o mesmo olhar de "peixe morto" (a expressão é do século passado e foi cunhada pelo pai dos estudos do imaginário, Gilbert Durand), que contemplamos a volta de Trump, o massacre de Gaza, o anuncio do show de Lady Gaga nas praias de Copacabana ou o tsunami produzido pela (des)informação acerca do pix no Brasil. A "liberdade de desinformação" é o que nos restou diante do nosso recalcado desejo de sermos livres.
Enfim, liberdade...a que será que se destina? A mais recente das nossas utopias, fruto do avanço das tecnologias, seria a de vivermos em mundo "wiki", no qual a diversidade dos saberes seria o único pacto comum e universal. Mas a ruptura entre o poder das mídias e os poderes sociais se dá exatamente pelo excesso de "(des)informações".
O grande paradoxo, alerta Durand, é que quanto mais uma sociedade é "informada", tanto mais as instituições que as fundamentam se fragilizam, ou seja, instituições são entrópicas, enquanto a informação vive da sua capacidade infinita de ampliação e viralização.
Verdade e mentira, realidade e ilusão são sintomas trágicos de que a imagem sufoca o imaginário e que o sonho do acesso à informação verificada, à diversidade de visões de mundo (em princípio ao nosso alcance a partir de um "clique"!) são tão inatingíveis como Eurídice diante de Orfeu. Ai de nós, cada vez menos informados e cada vez mais convictos e intolerantes!
Em tempos de "cancelamentos" e "lacrações", há de se construir astúcias para "desanestesiar" sentidos e ressuscitar valores que nos permitam fazer escolhas, origem maior dos significados do "ser livre". Diversidade ou monocultura, ciência ou dogma, democracia ou autoritarismo, eis aí algumas das escolhas que não podem prescindir de referenciais éticos.
Se a crise é ambiental, politica, econômica e social é porque, antes de tudo, a crise é de valores. Afinal, desastres ambientais, apetites imperialistas, desrespeito aos direitos humanos, aumento da desigualdade não passam de expressões da nossa incapacidade de imaginar outros mundos. Você tem medo de que? n
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