Cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e da pós-graduação em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (UCSal)
Cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e da pós-graduação em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (UCSal)
A decisão de revogar a instrução normativa da Receita Federal que visava aumentar o monitoramento das transações por pix e cartão de crédito no país se deu diante de uma operação emergencial de gestão de crise na imagem do governo, sendo o primeiro grande teste do novo ministro da Secom, o publicitário baiano Sidônio Palmeira.
Pesquisa da Quaest divulgada na sexta (17) destacou que 88% dos entrevistados ouviram falar sobre a possível taxação do Pix, e, entre esses, 67% acreditaram na veracidade da informação. Esses dados consolidam a desconfiança significativa da sociedade em relação às intenções do governo com a medida.
O que isso quer dizer? Independente do rastro de desinformação, a medida gerou desconfiança para milhões de famílias que viram uma ação orquestrada da Receita Federal para monitorar todo tipo de movimentação financeira.
O principal erro do governo se deu na política. A medida estava planejada para começar a valer a partir do primeiro dia deste ano, mas havia sido anunciada em setembro do ano passado. Havia tempo de sobra para implementar uma estratégia de comunicação que só veio com o vídeo do Senador Cleitinho (Republicanos-MG) no dia 6 de janeiro, sendo que no dia 10, o Pix já tinha produzido mais de 5 milhões de menções nas redes sociais. Para se ter uma ideia, 87% das pessoas entrevistadas pela Quaest na semana passada ouviram falar que o governo queria cobrar impostos sobre o Pix.
A Quaest também monitorou o alcance do vídeo de desinformação do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) postado no dia 15 de janeiro. O vídeo foi repercutido por 152 milhões de perfis e reiterava que o governo tinha como intenção velada monitorar as pessoas para que pudesse viabilizar um projeto de taxar o Pix. Um dia depois, o deputado voltou atrás e disse que a ideia da postagem não era afirmar que o governo estava taxando o Pix, mas poderia lá na frente fazer isso. Uma estratégia retórica para surfar nas redes no lugar certo e na hora certa.
A crise do Pix evidencia que a mudança na Secom feita pelo Presidente Lula (PT) foi sob demanda: o governo patina na coordenação política de uma estratégia de comunicação nas redes sociais enquanto a direita radical consegue fazer das redes um espaço orgânico de mobilização social e política.
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