Cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e da pós-graduação em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (UCSal)
Cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e da pós-graduação em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador (UCSal)
A prisão de Jair Bolsonaro no sábado passado (22) não surpreende quem acompanhou seu percurso desde que assumiu a Presidência, já que ao desafiar as instituições o então presidente conduziu estrategicamente um conjunto de ações que visava minar o poder democrático.
A deslegitimação do processo eleitoral, a busca de apoio irregular nas forças armadas e a perseguição à segmentos da sociedade civil (Universidades, artistas, imprensa, movimentos sociais, sindicatos etc.) foi uma aposta no conflito permanente como método de governo.
O que ocorreu em 2023 deve ser tratado como desfecho de um processo político instaurado de maneira mais profunda na arena estatal, envolvendo toda a nossa engenharia institucional que põe de pé a democracia todos os dias.
O efeito imediato foi dado na seara institucional. A democracia brasileira respondeu com firmeza ao maior ataque desde o fim da ditadura militar (1964-1985), sendo que a responsabilização de um ex-presidente por atentado ao Estado de Direito não corrige todos os problemas, mas reafirma institucional e politicamente que as regras valem para todos.
Como se as coisas não pudessem piorar, a cumplicidade de uma grande parte das forças sociais e políticas de direita com o golpismo dos bolsonaristas pairou a reação e a articulação sobre as eleições de 2026 até aqui. O que isso quer dizer? A direita moderada não abre mão de negociar e compor politicamente com os golpistas para um projeto presidencial em 2026.
A nova prisão preventiva do ex-presidente Bolsonaro é mais um capítulo envolvendo a suspeita de fuga e embaraço à ordem pública. No campo eleitoral, as estratégias da direita envolvem três caminhos: uma candidatura bolsonarista ornada de moderação em direção ao centro, uma candidatura moderada e outra radical com alguém da família Bolsonaro ou uma composição entre os dois polos em uma única chapa. Vocês percebem como o bolsonarismo está no centro da competição política brasileira?
A eleição de 2026 ainda será um teste decisivo da nossa democracia e a direita terá de explicar por que seguiu um projeto que terminou em tentativa de ruptura institucional.
A complacência com o bolsonarismo expõe limites óbvios que ficarão abertos no debate em torno das eleições presidenciais, o que dá potencial à reeleição do presidente Lula, que chegará nas eleições com três trunfos: um terceiro mandato "heroico" a favor da democracia, resistiu e dialogou em defesa da soberania e ações de governo que são populares no campo da economia.
Agora, pergunto a vocês, leitores: como a suposta direita moderada pode falar em alternativa ao lulismo quando deveria se comportar como alternativa real ao bolsonarismo? A ver.
Análises. Opiniões. Fatos. Tudo do Nordeste e do mundo aqui. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.