O Ministério da Educação lançou recentemente o programa Pé-de-Meia. Uma política que visa bonificar os estudantes de baixa renda que se matriculem e permaneçam no ensino médio. No evento de lançamento chamou atenção as críticas de parte da imprensa sobre o custo dessa ação. Lula ressaltou um ponto estratégico. Não se trata de gasto, mas de um investimento no desenvolvimento da juventude, evitando assim, um maior orçamento no futuro para projetos de segurança pública. Para além das cifras, o que devemos destacar é que a política incide sobre um dos maiores desafios da educação contemporânea: a evasão.
Os levantamentos do Ministério da Educação (MEC), publicados nos últimos dez anos, indicam o crescimento substancial da evasão nas redes de ensino em todo país. O fenômeno ganhou ainda mais força no pós-pandemia. As secretarias colocam o tema como pauta do dia. As conferências de educação debatem caminhos para enfrentar o entrave. Os motivos da evasão são os mais diversos: falta de atratividade da escola, saúde mental, bullyng e dificuldades de deslocamento, mas o principal fator continua a ser o elemento econômico.
O Brasil é um país em que a maior parte das famílias se equilibra entre a baixa renda e o alto custo de vida. Os empregos são precários e, geralmente, sem perspectiva. Na equação imediata da sobrevivência, vale mais um filho no trabalho do que na espera pela finalização do ensino médio. Resultado: turmas esvaziadas. Outro indicativo. O índice dos estudantes que realizaram o Enem em 2023 foi decepcionante. E sabemos muito bem o que ocorre quando famílias empobrecidas perdem o elo com a educação formal. Os rendimentos tendem a ficar estagnados e o ciclo da pobreza se fortalece — impactando a vida das gerações seguintes. É o fracasso de qualquer projeto de inclusão social.
É claro que políticas como o Pé-de-Meia isoladamente não vão solucionar o problema. Devem ser articuladas a metas ousadas de desenvolvimento, geração de emprego/renda, arranjos produtivos de cada região e às novas tendências de qualificação do mercado global. Sem essa ecologia da inovação, teremos mais um vetor de frustração coletiva.
De qualquer forma, a iniciativa do governo Lula é um pontapé importante para incentivar a permanência no universo escolar e um estímulo considerável para combater a tragédia da evasão.