Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
A oxigenação é essencial para combater os arautos da antidemocracia. Com mais participação e diversidade, poderemos construir um sistema partidário mais representativo, pulsante e antenado com a agenda real da sociedade
Os partidos são organizações fundamentais para o modelo democrático. Sem eles, temos apenas o personalismo vazio. Qual é o problema? Segundo dados do Movimento Transparência Partidária, menos de 30% dos partidos brasileiros renovaram os diretórios nacionais nos últimos dez anos. A baixa rotatividade das lideranças partidárias representa um entrave significativo ao fortalecimento da democracia.
Esse fenômeno reflete fatores estruturais e culturais que perpetuam a concentração de poder nas mãos de grupos específicos, favorecendo a orquestração de esquemas quase feudais. Não é uma realidade somente brasileira, mas aqui ganha tons crônicos.
Temos uma série de lideranças encasteladas nesses espaços de poder, aproveitando-se dos crescentes fundos partidários e eleitorais, negociando cargos de forma nada republicana e pouco se posicionando em questões cruciais para a opinião pública.
A maioria dos partidos políticos, em vez de promover o debate de ideias e a formação de novos quadros, funcionam como oligarquias, com arranjos que sufocam qualquer possibilidade de renovação. Essa dinâmica limita a diversidade e compromete a representação efetiva das demandas sociais. É notório o pouco espaço para lideranças negras, mulheres, jovens, periféricas e povos tradicionais no comando das siglas.
A estagnação de quadros compromete a qualidade da representação política, impedindo a inclusão de temas emergentes que não raro se opõem ao status quo mais arraigado. Além disso, essa prática alimenta o descrédito da sociedade nas instituições democráticas. Sem dúvida, a crise do modelo político brasileiro passa também pelo fosso que separa os principais atores sociais da lógica e decisões do sistema partidário.
Superar esse cenário, em tempos de poderio do centrão e fragilidades institucionais, parece uma quimera, contudo, o arranjo precisa passar por uma maior abertura. É necessário garantir participação efetiva dos filiados e alternância dos dirigentes, revisar os critérios de distribuição de recursos dos fundos e investir em programas de formação de lideranças.
A oxigenação é essencial para combater os arautos da antidemocracia. Com mais participação e diversidade, poderemos construir um sistema partidário mais representativo, pulsante e antenado com a agenda real da sociedade.
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