Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
O governo Lula ensaia uma inflexão importante em sua estratégia de comunicação: passa a disputar a hegemonia discursiva com a extrema direita em linguagem de rede
O jogo político de nossos tempos é travado, em grande medida, na arena simbólica das redes sociais. Não apenas por sua velocidade ou capilaridade, mas pelo modo como moldam percepções, reconfiguram narrativas e organizam afetos. Nesse contexto, o governo Lula ensaia uma inflexão importante em sua estratégia de comunicação: passa a disputar a hegemonia discursiva com a extrema-direita em linguagem de rede. Se nos primeiros mandatos petistas a comunicação de governo ainda se apoiava nos moldes tradicionais — publicidade institucional, imprensa convencional, canais públicos de mídia —, hoje o desafio é outro: enfrentar um ecossistema digital profundamente assimétrico, onde a extrema-direita consolidou-se como referência. A esquerda demorou a perceber a força desse novo idioma.
O terceiro mandato de Lula tenta corrigir essa defasagem. Iniciativas recentes — como a ampliação de equipes digitais, o uso de dados para segmentar públicos, e, sobretudo, o emprego de inteligência artificial para monitoramento e reação a ataques — mostram que há uma nova percepção sobre a centralidade da comunicação na disputa política contemporânea. Mais do que informar, trata-se de performar presença, de se fazer presente nos fluxos digitais onde a opinião pública é moldada, polarizada e dirigida. O debate sobre o IOF e o "tarifaço do Trump" — são exemplos reveladores desse novo momento. No caso do IOF, expôs a incoerência do Parlamento, que votou contra a medida mas cobrava justiça tributária. Já no caso do "tarifaço", a comunicação oficial se antecipou ao discurso bolsonarista. Vinculou a medida à defesa da indústria nacional e à soberania econômica. Ao transformar temas espinhosos em argumentos de enfrentamento ideológico, o governo acerta o tom: atua de forma propositiva, reativa e pedagógica, sem abrir mão do embate.
No entanto, essa mudança tática carrega desafios estratégicos. A esquerda, historicamente ancorada em uma comunicação mais racional, propositiva e institucional, precisa agora assimilar uma linguagem que é, por vezes, caótica, emocional e fragmentada. Como comunicar complexidade em 15 segundos? Como disputar corações e mentes num feed onde o grotesco se sobrepõe ao justo? Além disso, o uso da inteligência artificial nesse contexto impõe dilemas éticos e operacionais: Como assegurar transparência no uso de dados? Como não repetir os vícios que tanto se criticaram no bolsonarismo, apenas com nova roupagem? Ainda assim, é inegável que essa reconfiguração da estratégia comunicacional é vital para o projeto político lulista — especialmente diante das eleições de 2026. A comunicação, hoje, é um campo de batalha. E nele, quem silencia perde espaço e força política!
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