Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (2009), mestre (2012) e doutor (2016) em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC. Apresentando interesse pela Sociologia Política e Ciência Política. Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), atua como palestrante e analista político, colaborando com movimentos sociais, associações e imprensa
..Sem definição sobre quem liderará a direita nacional e sem clareza sobre o comportamento do centro, torna-se impossível estimar, com precisão, o tamanho potencial de candidaturas como a de Elmano de Freitas ou de eventuais projetos de nomes badalados, como Ciro Gomes
Foto: Samuel Setubal / O POVO / Fábio Lima / O POVO
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidenciável Ciro Gomes (PSDB)
O cenário político nacional atravessa um período de indefinições que tende a se prolongar até 2026. A ausência de uma liderança consolidada no campo da direita - aprofundada pela crise de legitimidade do bolsonarismo e pela disputa interna (e até familiar) por sua herança eleitoral - produz um ambiente de baixa coordenação entre os partidos que orbitam esse espectro.
Não se trata apenas de fragmentação retórica, mas de um vácuo de referência estratégica. Nesse contexto, PSD, PP, PR e setores do União Brasil adotam comportamento de "espera racional": não definem alianças antecipadamente porque os custos de uma decisão prematura superam os benefícios. Sem um candidato presidencial competitivo que ofereça previsibilidade mínima, esses partidos mantêm sua margem de manobra aberta para ajustar posicionamento conforme a evolução do quadro nacional.
A recuperação recente da avaliação do governo Lula acrescenta uma variável relevante. A melhora gradual de sua popularidade reconfigura expectativas, sobretudo no campo centrista, cuja lógica é fortemente orientada por cálculos de viabilidade.
Quando o incumbente se fortalece, partidos tendem a postergar movimentos, avaliar riscos com mais cautela e reexaminar possíveis alinhamentos. A crise recorrente de articulação política do governo, embora ainda presente, não tem sido suficiente para neutralizar totalmente essa mudança de percepção.
Esse ambiente de incerteza impacta de forma direta o Ceará. Estados com forte integração política ao nível federal - como o cearense, marcado por coalizões amplas e por alta interdependência entre lideranças locais e nacionais - tendem a ajustar suas decisões com base em sinais vindos de Brasília.
Sem definição sobre quem liderará a direita nacional e sem clareza sobre o comportamento do centro, torna-se impossível estimar, com precisão, o tamanho potencial de candidaturas como a de Elmano de Freitas ou de eventuais projetos de nomes badalados, como Ciro Gomes.
Por isso, o sistema político cearense opera hoje em modo de observação. Lideranças do governo evitam consolidar nomes para o Senado e para as chapas proporcionais porque ainda não dispõem de parâmetros estáveis sobre competitividade nacional, disponibilidade de recursos e adesões regionais e tendências de opinião pública.
O resultado é um quadro local suspenso, cuja configuração definitiva dependerá da redução das incertezas nacionais. Sem isso, qualquer projeção para 2026 permanece limitada. O País entra no ciclo eleitoral com os principais atores calculando as próximas jogadas. Até que esses elementos se estabilizem, o Ceará continuará operando sob a mesma lógica: alta cautela, baixa antecipação e muitas interrogações.
Análises. Opiniões. Fatos. Tudo do Nordeste e do mundo aqui. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.