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Morre a matriarca Beatriz Philomeno Gomes: solidariedade e elegância
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Morre a matriarca Beatriz Philomeno Gomes: solidariedade e elegância

Beatriz Philomeno Gomes (Foto: ARQUIVO PESSOAL)
Foto: ARQUIVO PESSOAL Beatriz Philomeno Gomes

Uma dama da solidariedade

Faleceu nesta sexta-feira, aos 97 anos, a matriarca Beatriz Rosita Gentil Philomeno Gomes. Viúva do grande industrial e empresário Francisco Philomeno Gomes e filha de João Gentil e Sarah Campelo, teve oito filhos: Pedro, Roberto, Tida, Júlia, Philomeno Júnior, Sarah, João Vicente e Carlos Alexandre. Segundo familiares, ela faleceu em decorrência de uma pneumonia. 

O velório acontece a partir das 13h desta sexta-feira no Complexo Velatório Ethernus, seguido de sepultamento, às 16h30min, no Cemitério São João Batista. 

Parte de sua vida ela passou no famoso prédio em cor de rosa, da Avenida da Universidade, onde há alguns anos funciona a Reitoria da UFC (Benfica). Atualmente, residia na Aledota com um dos filhos. 

Frequentadora do que se chamava no passado de altas rodas sociais do Brasil, ficou muito conhecida pela exuberância e presença evidente nos salões. Não é para menos: foi a única nordestina a ter figurado nas listas das das Dez Mais Elegantes do País, todos os anos divulgada pelo icônico colunista Ibrahim Sued, título que conferia, à época, status como de uma miss da sociedade às citadas.

 

A beleza física, o carisma e a facilidade para convivência sempre vêm à tona nas narrativas que se escuta de quem conviveu com dona Beatriz, mas há um aspecto também muito forte em sua vida: a solidariedade.

Minha colega jornalista Leda Maria (O POVO) herdou de sua mãe, dona Águeda Feitosa, a amizade com Beatriz e família. Acompanhou desde sempre as ações da matriarca de cunho social. Beatriz não tinha função executiva na indústria de algodão do marido, mas ocupava seu espaço para articular e promover ações pela qualidade de vida dos funcionários.

"Naquela época, anos 50, tinha uma fábrica grande na Jacarecanga, e ela com o marido foram adquirindo e doando casas no entorno para os funcionários que ainda não tinham moradia própria. Ela também sempre garantiu que os filhos de todos os trabalhadores da fábrica estudassem, além de outros auxílios que prestavam", conta Leda Maria.

Outra lembrança da jornalista e colunista do O POVO é que Beatriz instalou a Fundação das Voluntárias de Jacarecanga, ampliando o trabalho que já fazia com os profissionais da fábrica a outras regiões da Cidade.

A cearense, de projeção nacional, também contribuiu para a divulgação e incentivo do trabalho das rendeiras e artesãs do Estado. Não só por exibir em seus trajes a riqueza dos bordados, mas também por incentivar a formação e aperfeiçoamento das técnicas. Com a filha Tilinha, que por anos teve a tradicional loja de feito à mão Nuage, dona Beatriz proporcionou que centenas de mulheres pudessem aprender os pontos do labirinto e outras tramas, produto que vendiam para o País e exportavam, sobretudo para os Estados Unidos.

Era uma entusiasta da família. Admirava aqueles que tinham muitos filhos e netos, como ela, e sempre que alguém casava ela incentivava a construir uma grande família.

Para tudo o que passou na vida, de alegrias e tristezas, encontrava na fé e na religiosidade seu amparo. Sua lição máxima, compartilhada com Leda Maria certa vez numa entrevista ficou marcada: "Administro tudo na minha vida pela oração e com oração".

Sobre a amiga, a jornalista escreveu: "Componho sobre a saudade da minha querida Beatriz as.revelações colhidas nos nossos encontros de bem querer. Ela nos ensinava a cultivar a alegria e a proteção de Deus para todos os momentos.
Seu sorriso era sua marca e sua espiritualidade a veste.mais linda em todas as ocasiões.
Em uma das entrevistas com ela colhemos uma afirmação bela e consoladora.
"Caminhe com o mestre da sensibilidade ele nos ensina a contemplar e vivenciar as coisas simples que nos envolvem no amor e.na esperança para aceitarmos a vida sem ter medo de viver, superando com a oração e a fé os dias difíceis e as noites sem estrelas", Lêda Maria, que com Beatriz fundou O Grupo Mulheres Pensantes. 

Paz e luz!

Foto do Clóvis Holanda

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