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Da força da mulher cearense, a moldura da plena igualdade...
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Da força da mulher cearense, a moldura da plena igualdade...

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Tipo Opinião
Auxiliadora e João Carlos Paes Mendonça   (Foto: Jocilene Jinkings)
Foto: Jocilene Jinkings Auxiliadora e João Carlos Paes Mendonça

Fui para passar pouco tempo. Junto com colegas da Aguanambi 282, levei os cumprimentos de O POVO ao multiempresário e muito gentil João Carlos Paes Mendonça, que recebia ao lado de Auxiliadora, no teatro de seu shopping, para o 7º Prêmio RioMar Mulher.

Tomei assento e a cerimônia começa com Giovanna Bezerra cantando performaticamente Marisa Monte, depois uma canção linda de Lorena Nunes e finaliza com homenagem à Gal Costa. Como levantar?

JCPM foi muito justo em sua fala de abertura. Se a intenção era homenagear mulheres cearenses, não cabe outro assunto e nem aproveitar a deixa para vender "seu peixe", expediente recorrente em cerimônias empresariais na Capital. Foi no ponto, disse o que era necessário para a ocasião, sem cansar e gozando de integral atenção da plateia, lotada e formada por nomes de expressão em vários segmentos.

A curadoria das contempladas com a comenda, que conta desde a primeira edição com sugestões do colunista, foi justa e equilibrada, traçando um panorama da mulher cearense em várias frentes.

Todas as dez homenageadas receberam os devidos aplausos e tiveram suas histórias muito bem contadas, realmente detalhes emocionantes e inspiradores. Mas a trajetória de Joselma Oliveira, que começou com 30 picolés caseiros e hoje produz 40 mil unidades por dia em sua Pardal, cativou o público de forma especial, que aplaudiu de pé.

Cerimonial não previa falas de agradecimento individuais, mas a líder indígena Cacique Pequena, já com troféu nas mãos, pediu a palavra e não só situou aquele momento em sua vida, como entoou um belo canto de sua autoria, acompanhado por seus irmãos de aldeia. Um coro tomou o ambiente e os aplausos foram com maracás - lindo. "Somos todos irmãos porque somos filhos de um mesmo pai maior, quer queira, quer não", disse ela seguida de aplausos.

Também passaram pelo palco a empresária da Comunicação Gaída Dias (Grupo Cidade), muito saudada por legião de amigos presentes. Rememorou os aprendizados que carrega do pai, Miguel Dias, personagem que ela sonhava em entrevistar, mas ele, em vida, nunca topou.

Outro momento de nostalgia marcou a homenagem a Lenise Queiroz Rocha (Grupo Edson Queiroz), que reviveu momentos antes da partida do pai e declarou sua paixão pela gestão e pela educação. "As pessoas querem crescer pela educação e proporcionar isso (via Unifor) é muito gratificante".

Interessante o percurso da empresária Almira Gomes, presidente do Grupo AGF, indústria de confecções que produz as marcas de beachwear R do Sol e Sand Blue, além do serviço de private label para grifes nacionais e internacionais. Saiu do Piauí para ser babá em Fortaleza a fim de ajudar o pai viúvo a criar os seis filhos, trilhando caminhos de superação e vitória. "Gerar empregos me satisfaz muito porque um dia eu precisei dessa oportunidade", frisou em seu discurso, quando agradeceu também à moda, como uma entidade que a fez vislumbrar um novo caminho.

Médica Riane Azevedo, vencedora na categoria Saúde, materializou o que se espera de um médico verdadeiramente vocacionado. Seu principal propósito na Medicina, reforçou em vídeo, era e segue sendo "ajudar pessoas".

Regina Barbosa, fundadora da Casa de Vovó Dedé, instituição que trabalha com desenvolvimento humano, pessoal e profissional de crianças e jovens na Barra do Ceará, relembrou o que às vezes é posto em dúvida: "a educação artística não é apenas uma habilidade para se contemplar, ela impacta e transforma vidas".

E bem antes de a Ceart existir e do "hand made", como ocorreu nos últimos anos, ser alçado a item do neo-luxo, Neuma Figueiredo e suas irmãs apostaram na marca Nica, apresentando para o Estado, o Brasil e o mundo a beleza do artesanato cearense. Daí se desenrola uma história da mulher que, há 25 anos, movimenta o mercado da arquitetura, decoração, paisagismo e arte no Ceará com a CasaCor.

A noite terminou com discurso de Fernanda Pacobahyba, apresentada em vídeo pela mãe como uma leitora contumaz desde a mais tenra infância. Destemida, à frente, mexe com os ambientes onde se coloca, resumiu a genitora.

A ex-secretária da Fazenda e atual presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE) fechou o evento demonstrando sua expertise na química mais difícil da oratória: dizer o que precisa ser dito, como no trecho em que reivindicou salários iguais para homens e mulheres, sem perder a emoção e jogando doçura e gratidão nas palavras. (Previsão do futuro: ela é carta curinga no baralho político do grupo camilista).

Foi só aí, no fim, que consegui então sair, revigorado com os exemplos de força e superação das mulheres cearenses. Antes de deixar o teatro, uma imagem que resumiu a noite. Cacique Pequena de mãos dadas com Fernando Cirino Gurgel que, numa postura de deferência, cumprimentava a indígena, formando uma moldura da (ainda) utópica igualdade entre gêneros, classes sociais, etnias, irmãos do planeta Terra.

Cenas...

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