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Um crème brûlée para o Rei Sol
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Um crème brûlée para o Rei Sol

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Crème brûlée será uma das opções de sobremesa da noite (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Crème brûlée será uma das opções de sobremesa da noite

Domingo, 13h40min. "Abandonados" pelas duas filhas, curtindo seus respectivos programas com as amigas (educamos para o mundo), fui com minha mulher fazer um "date" vespertino na linha "é caro, mas nós merecemos".

Queríamos algo intimista, calmo, depois de uma semana intensa de trabalho. Sabia também que, horas mais tarde, por dever de ofício, iria acompanhar as imagens e as repercussões do dia de manifestações contra a PEC da Blindagem e a urgência da Anistia para salvar a pele dos denunciados pelo Plano Golpista.

Optamos, então, por um histórico francês, um desses restaurantes pequenos, que resistem ao tempo e a todas as modas, gourmetizações, "hypes".

Até tinha mesa na parte da fachada, com suas vidraças iluminadas, mas buscávamos algo ainda mais reservado, um lance a dois mesmo, sem dispersões.

O gentil maître indicou uma mesa redonda, no salão interno, defronte a um piano, desses que resguarda, em suas notas, inúmeros pedidos de casamento, juras de amor. De ouvido, o músico tocava "My Way" quando sentamos, que lindo!

Como todo restaurante francês clássico, a ambiência é de bistrô. Poucas mesas, movimentos leves, aquela atmosfera chic-blasé, conversas em tom ameno.

Nas primeiras notas da lindíssima "La valse d'Amélie", minha esposa já lembrando do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", gargalhadas abertas e um tanto altas acabaram me chamando atenção para a mesa ao lado.

Era um almoço de família, cerca de dez pessoas adultas, onde se percebia a presença de um casal 60 , possivelmente pais de alguns dos presentes. Os demais eram na faixa dos 30 .

Jornalista tem uma imã, vocês sabem, não é? A gente pode até tentar fugir por algumas horinhas de descuido da realidade, mas a notícia nos persegue. Pois bem...

Quase na quina, pouco mais de um metro de distância de onde eu estava sentado, um dos deputados federais cearenses que ajudou a aprovar, com seus votos, os dois projetos contra os quais aconteciam os protestos em capitais do Brasil.

Antes de sair de casa, já havia visto a foto dele em inúmeras listas nas redes sociais, intituladas como "Traidores da Pátria", "Ratos do Congresso", "Escárnio com o Povo" e por aí vai. A essa hora, as ruas já começavam a reunir as aglomerações, a internet pegava fogo...

A partir daí, amigos, devo confessar, fiquei observando, discretamente, o comportamento do parlamentar em um dia de intensa agitação popular no País, com seu nome exposto em cartazes e publicações.

Primeiro veio um carpaccio de carne e a conversa girava em torno de um lugar em New York onde a comida é divina. (Antes de vocês me chamarem de bisbilhoteiro, o volume das falas não demandava qualquer esforço da minha parte. Pelo contrário, eu precisaria fechar meus ouvidos para que as conversas não chegassem a mim).

No prato principal, para ele, um peixe com risoto. Não havia vinho, embora a leveza e a alegria do grupo fosse compatível com a de alcoolizados.

Vez por outra, com o celular discretamente sobre a coxa, ele passava o dedo na tela, depois guardava no bolso e seguia no papo. Os demais comensais também dedilhavam os seus, tudo normal.

Fiquei pensando, fazendo minhas leituras semióticas e conjunturais da cena, qual o lugar, a função, o propósito que a política e a vida pública ocupam naquele núcleo e, mais ainda, na mente do representante eleito.

Nas cerca de duas horas em que "dividimos" o salão "à francesa", ninguém tocou no assunto Brasil por qualquer viés. Falaram das gracinhas dos filhos pequenos, de negócios falidos ou bem-sucedidos de terceiros, viagens, muitas lembranças de idas a Paris e redondezas.

Percebia-se que não havia protocolos, eram pessoas íntimas e com parentesco entre si.

Hora da sobremesa...

O figurão optou pelo crème brûlée, degustando com um sorriso de satisfação e gozo gastronômico a sobremesa cuja origem é disputada entre franceses, ingleses e espanhóis.

O que a história registra sobre o doce, feito com creme de leite, ovos, açúcar e baunilha, com uma crosta de açúcar queimado por maçarico, é que ela foi descrita, pela primeira vez, no livro "Le Cuisinier François" (1691), do chef François Massialot, responsável pelas delícias servidas a muitos nobres, em especial durante o reinado de Luís XIV, conhecido como o "Rei Sol".

Um dos regentes mais famosos da história da França, reinou de 1643 a 1715, o que o torna o monarca com o reinado mais longo da história europeia.

Ele acreditava firmemente no direito divino dos reis e na centralização total do poder em suas mãos. Sua famosa frase, mesmo que possivelmente apócrifa, resumia a forma como conduziu seu período de trono: "L'État, c'est moi" ("O Estado sou eu").

Pelo visto, o modelo Luís XIV de lidar não apenas com a gula, mas sobretudo com o poder, tem seus adeptos na atualidade, embora as ruas gritem "não".

Flores... à brasileira.

Vide Pause

Na noite de abertura do 35º Cine Ceará, sábado, 20, todos os holofotes foram para ela, Mariana Ximenes, a grande homenageada desta edição, com o Troféu Eusélio Oliveira. Comenda reconhece a filmografia da atriz e toda a sua dedicação, ao longo da carreira, à Sétima Arte. Para a ocasião, trajou modelo da estilista cearense Marina Bitu com sapatos e acessórios Bottega Veneta. Mariana esteve comigo, na sede do O POVO, gravando entrevista para o programa Pause que vai ao ar nesta sexta-feira, 16 horas. Ela brilha!

Energia: cúpula

Os grandes nomes do setor energético no Brasil se reúnem, em Fortaleza, quarta-feira, 24, e quinta-feira, 25, para o Proenergia Summit 2025.

No Centro de Eventos do Ceará, evento aglutina empresas, entidades do setor público e privado, pesquisadores e toda a cadeia das energias renováveis para ampla programação com foco no desenvolvimento e avanço do setor no País.

Realizado pelo Sindienergia-CE, cúpula terá representantes do Ministério de Minas e Energia, ABsolar, ABEEólica, ONS, Aneel, Governo do Ceará, Adece, Casa dos Ventos, Elera Renováveis, Voltália, Light COM, Tbea, Eper Group, Goodwe, Nordex, Enel, B&Q Energia e Ceneged, dentre outros grandes players do segmento. A expectativa da organização é que cerca de 4 mil visitantes passem pela programação, que inclui palestras, debates e solenidades.

Ponto alto: entrega do Troféu Jurandir Picanço ao governador Elmano de Freitas (PT), reconhecimento da classe pelo apoio à cadeia energética do Estado. Principais ideias e demandas retiradas do evento serão compiladas no Manifesto do Proenergia, reunido encaminhamentos e sugestões a serem tocadas e acompanhadas até a edição de 2026 do encontro.

À frente, o empresário Luiz Carlos Queiroz, presidente do Sindienergia-CE, que na foto posa com Elmano, momento em que o gestor era informado acerca da homenagem que receberá.

Trajetória

Associação dos Jovens Empresários de Fortaleza recebe Ari de Sá Neto, fundador e CEO da Arco Educação, em seu próximo Almoço Empresarial. Referência nacional em inovação e excelência no setor educacional, executivo compartilha sua trajetória com os associados da entidade nesta sexta-feira, 26, no restaurante Vasto Fortaleza.

Celebrar

Aniversariante de hoje é Hedelita Nogueira, empresária à frente da Objetiva Publicações Legais. Recebe o carinho de familiares e amigos de longas datas em momento íntimo. Saúde!

 

Foto do Clóvis Holanda

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