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Presságios, quem precisa deles?
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É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.

Clóvis Holanda comportamento

Presságios, quem precisa deles?

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NOTA DA REDAÇÃO: Conteúdo gráfico / Pessoas alinham corpos na Praça São Lucas, na favela Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, Rio de Janeiro, Brasil, em 29 de outubro de 2025, após a Operação Contenção. Moradores de uma favela do Rio de Janeiro alinharam mais de 50 corpos em uma praça em seu bairro de baixa renda em 29 de outubro, um dia após a operação policial mais sangrenta da história da cidade, informou a AFP. (Foto de Pablo Porciúncula / AFP) (Foto: Pablo Porciúncula / AFP)
Foto: Pablo Porciúncula / AFP NOTA DA REDAÇÃO: Conteúdo gráfico / Pessoas alinham corpos na Praça São Lucas, na favela Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, Rio de Janeiro, Brasil, em 29 de outubro de 2025, após a Operação Contenção. Moradores de uma favela do Rio de Janeiro alinharam mais de 50 corpos em uma praça em seu bairro de baixa renda em 29 de outubro, um dia após a operação policial mais sangrenta da história da cidade, informou a AFP. (Foto de Pablo Porciúncula / AFP)

Presságios...

...há quem acredite profundamente.

Diante de quaisquer situações, fica procurando uma segunda razão, um sentido do além, uma mensagem holística. Não sou desses, mas me divirto (com respeito) diante da capacidade humana de criar suas versões e fantasias, desde que o mundo é mundo...

Dia desses, uma amiga dirigia quando cai, no parabrisa dianteiro, uma pomba ferida e morta. O animal ficou para trás, com o movimento do veículo, mas a mente dela paralisou na cena.

Ouvindo na rádio acerca dos mais de 100 mortos na operação policial do governador Cláudio Castro nos complexos do Alemão e da Penha, territórios que abrigam confortáveis "QGs" de facções na Cidade "Maravilhosa", ela imediatamente cruzou os sentidos dos corpos estendidos no chão, imagem de guerra que rodou o planeta, com a simbologia do animal branco da paz, porém sem vida e sangrando.

Seria um chamado divino por uma prece especial ali mesmo, em plena Padre Antonio Tomás?

Deveria ela parar suas atividades naquele dia, buscar as crianças na escola, burlar o pilates e cancelar a terapeuta evitando, assim, energias carregadas na atmosfera?

E se fosse o sinal de um risco no trânsito logo adiante?

Mas por que com ela, se não tem nenhum parentesco com cariocas, muito menos com os líderes do crime organizado do Ceará escondidos em mansões inatingíveis pela inteligência do Estado Brasileiro, nos morros sob o Cristo Redentor?

Com a inocência dos corações bons e puros, jogou esse lance todo num dos grupos do qual faço parte e dali veio uma resposta prontinha em folha...

Um dos colegas de "zap", desses que têm o humor cearense na veia, mudou a prosa de rumo, queria levantar o astral a qualquer custo e relacionou o animalzinho da paz com outro significado, evocando a versão fálica da mensageira alada.

Lembrou que ela, a atingida pelo bicho, era viúva e, portanto, o impacto da rolinha poderia ser um outro aviso...

...um novo amor, em breve, estaria a caminho. Ou, no mínimo, um passatempo quente e conflituoso de dois meses, uma paixão errada, dessas que divertem mais do que muito casamentão fadado ao Netflix... Estou mentindo?

A pomba, então, de emissária da morte, transmutou-se em envelope perfumado de plumas, um regozijo em voo, suspiro do firmamento diante do que de bom ainda está por vir, um eco das nuves lembrando que, enquanto existir vida, existe sonho e gozo dos sobreviventes.

A morte da rola passou a ser uma representação do passado e a possibilidade de recomeço, redesenho dos dias mesmo diante de sinais nefastos, sombras do destino, como nos títulos dos romances, filmes e novelas. O sangue, bom, vermelho é amor, paixão, loucura.

Horas depois...

...lendo e ouvindo as autoridades diretamente envolvidas na matança carioca, considerando um "sucesso" a operação, mesmo com inúmeros inocentes e quatro agentes públicos de segurança assassinados (um absurdo em qualquer país sério do mundo), lembrei da artimanha mental do amigo "animadão" do grupo de WhatsApp.

Ele interpretou a simbologia universal de um agouro de desgraça como uma carta de amor remetida pelas estrelas. O mesmo ocorre com o Estado Brasileiro e todos os representantes e instiuições que tentam, com contorcionismos retóricos, encontrar um lado positivo no episódio chocante que, em nada, combate verdadeiramente o cada vez mais sofisticado crime organizado.

Enquanto os estados e Governo Federal trocam arengas, movidos exclusivamente pelas eleições de 2026, 2028, 2030... os cabeças da contravenção banham-se nas piscinas dos jardins suspensos da "Babilônia", blindados, avançando estrategicamente nos domínios das áreas das metropoles e interior.

Mesmo com todo senso de urgência que a situação pede e a politicAGEM barata que contaminou completamente nossa realidade como Nação, ainda assim, há de se preservar o senso de justiça e a humanidade acima de tudo. Do contrário, resta-nos a barbárie, sem o controle do Estado.

A pomba morta segue viva e na mira, como qualquer um de nós, e para entender isso nem precisa acreditar em presságios.

Flores...

Planeta de cores

Clóvis Holanda entrevista o arquiteto Renato Mendonça na CasaCor Ceará(Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS Clóvis Holanda entrevista o arquiteto Renato Mendonça na CasaCor Ceará

...E quem veio a Fortaleza, numa ação da Coral Tintas com a CasaCor Ceará, foi o arquiteto e apresentador Renato Mendonça, especialista em arquitetura afetiva e influência dos ambientes e suas cores sobre o bem-estar. Proferiu palestra com uma revelação: a cor de 2026 segundo a pesquisa Colour Future, levantamento anual muito requisitado. Chama-se "Azul Profundo", royal com três gotinhas de cinza, que ele explica melhor na aba de destaques do @pauseopovo, perfil da coluna no Instagram. Recebi Renato em entrevista na Casa Vida&Arte, espaço do O POVO na mostra de decoração. Vão lá!

Lançamento

Psicólogo, terapeuta e escritor alemão Svagito Liebermeister lançou com sessão de autógrafos, na Casa Vida&Arte, espaço do O POVO na CasaCor Ceará, os livros "Terapia Zen do Aconselhamento" e "Quando a Vida Para", obras das Edições Demócrito Rocha (EDR), selo editorial da Fundação Demócrito Rocha (FDR).

Na obra "Quando a Vida Para", o autor busca oferecer uma compreensão profunda do que é o trauma pessoal e coletivo e do que promove a cura. Já no "Terapia Zen do Aconselhamento", ele apresenta uma abordagem meditativa para trabalhar com pessoas. Presenças...

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