É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
É editor de cultura e entretenimento do O POVO. Sua coluna, publicada todos os dias, trata de economia, política e costumes a partir de personagens em evidência no Ceará, no Brasil e no mundo.
Há momentos em que é melhor nem pensar demais...
Fui numa dessas imersões corporativas de final de ano e segui, até por envolvimento, as orientações de um desses mentores de "performance", palavrinha eufemística para o estado permanente de "se vira nos 30" da vida adulta. Resultado: saí emocionalmente pior do que entrei... a performance ficou em frangalhos.
A proposta, do expert de sorriso forçado, calças justas e curtas e um blazer cenográfico, era construir uma espécie de Círculo da Vida - tão clichê -, dividindo as fatias do "bolo" como se fossem as áreas pelas quais separamos nossa existência.
Ao encarar o quanto de tempo se coloca em cada seara, fica mais fácil, explicou o "coach", analisar onde há excessos e faltas. O intuito do "facilitador" (ranço desta expressão) era estimular uma divisão mais equilibrada do círculo, separando o todo em nacos o mais parecidos possível. Desta forma, teríamos encontrado o projeto de 2026.
Tenho zero interesse nesse tipo de abordagem, entendo que cada um vive sua novelinha pessoal nessa terra, com direito a heroínas como Carminha(Avenida Brasil), vilãs à moda Nazaré Tedesco (Senhora do Destino), gente distante da realidade, como Tonho da Lua (Mulheres de Areia) ou atento por demais, como Senhorzinho Malta (Roque Santeiro), embora, no Brasil, esteja mesmo é sobrando o tipinho Odorico Paraguaçu (O Bem-amado) em todas as entrâncias e instâncias, se é que vocês me entendem...
...Mas o fato é que, analisando a divisão do meu "bolo real life", percebi que uma boa parte dos excessos ou da escassez de tempo destinados às rubricas tinham mais a ver com as imposições e demandas externas às nossas vontades do que, objetivamente, com nossas escolhas.
Quem decidiria, espontaneamente, colocar 75% da "Roda Viva" só para o quesito trabalho, se houvesse a opção de dividir, mais equitativamente, com tópicos como lazer, esportes, descanso e um hobby leve, algo como pintar, fazer dança de salão ou jogar xadrez?
Percebam que estou excluindo o item "família" porque faz tempo que "sangue" deixou de ser algo impositivo e, pior do que isso, sinônimo de um convívio sempre relaxante, confortável e prazeroso para todos os casos.
Quando o núcleo da porta para dentro se abre, englobando tios, primos, agregados & pets, sempre sobra para alguém, estou mentindo? Ainda mais em tempos de polarização política e baixíssimo interesse por diálogos e interações reais...
Pintei aqui, apaguei acolá, redesenhei o círculo algumas vezes e concluí que nos excessos encontram-se, além do que é imperativo no jogo da sobrevivência, nossos mais do que necessários refúgios mentais, aqueles mínimos possíveis prazeres, os poucos momentos nos quais "a vida presta", fantasias, desejos...
Como explicar o ímpeto por correr 42km às 5h da manhã ou a disponibilidade para ficar sentado de 13h às 22h em um bar tomando cerveja? Válvulas de escape puras, áreas que os tais mentores não consideram, já que visualizam modelos de humanos irreais, forjados em redes sociais e cursos de "alta performance", projetos robóticos insustentáveis em vários níveis.
Depois de pensar mais do que devia e me torturar, portanto, tentando equilibrar todos os pratos sem deixar que nenhuma deles caia...
...me cansei e decidi pedir uma pizza, logicamente redonda, nos mesmos moldes do tal Círculo da Vida. Pepperoni. Só que, ao invés de buscar a perfeição na divisão das fatias, vou cortá-la em pedacinhos, disformes, como um petisco transgressor, sem nenhuma estética gourmetizada, comida livre, como no passado.
Vai ser degustada vagarosamente com cerveja, daquela verdinha enfetiçada, imaginando como será juntar, no ano que vem, um dia de cada vez, as pequenas porções de horas, semanas, meses, anos, décadas, assistindo, às vezes como protagonista, em outras como coadjuvante, mocinho, vilão, vítima, irônico, debochado, triste ou feliz, a esse espetáculo fugaz e imprevisível chamado VIDA.
Um bom Natal e flores para 2026. Saio por uns dias de férias e nos reencontramos, aqui, em 13 de janeiro, numa nova e sempre picotada estação....
tic-tac, tic-tac, tic-tac....
Carnaval!
"Acham que alguém da minha idade deve estar recolhido em casa; não vou ser assim nunca", disse Ney Matogrosso, aos 84, em recente entrevista à jornalista Mônica Bergamo, Folha de São Paulo.
Um dos artistas mais emblemáticos da história da música brasileira, ele será homenageado pela Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense com o enredo "Camaleônico", que celebra na avenida a história, a obra e a performance de Ney.
Curioso é que, apesar de sempre ter feito uso de alegorias e figurinos arrojados, Ney nunca participou ou assistiu a um desfile na Marquês de Sapucaí. Chega, portanto, em grandíssimo estilo, como figura central da Apoteose e sob as bênçãos do carnavalesco Leandro Vieira, um Pelé do Sambódromo.
Ney, inclusive, compareceu ao primeiro desfile pelas ruas de Ramos, bairro carioca, comprovando que idade é mesmo um marcador cronológico absolutamente relativo.
Viva Ney!
Institucional
O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão, visitou o Grupo de Comunicação O POVO, na terça-feira, 16 de dezembro. O gestor foi recebido pelo presidente-executivo do Grupo, João Dummar Neto. Ele também participou de entrevistas na Redação e na Rádio O POVO CBN e compartilhou avaliações sobre o primeiro ano de mandato. Na conversa, Evandro abordou temas centrais da administração municipal e detalhou investimentos. Também comentou a possibilidade de mudanças no secretariado a partir de 2026.
Lançamento
Fundação Demócrito Rocha (FDR), por meio das Edições Demócrito Rocha (EDR), realizou no dia 17 de dezembro o lançamento do livro “Curando Traumas”, da terapeuta e professora Efu Nyaki, em João Pessoa (PB), no Afya - Centro Holístico da Mulher.
Obra marca a chegada ao Brasil da versão em português do livro, que traz o prefácio escrito por Peter A. Levine, criador da Experiência Somática, uma abordagem de consciência corporal voltada à cura do trauma. O lançamento integrou a programação comemorativa dos 25 anos do Afya, espaço cofundado pela autora.
Na foto, Deglaucy Jorge, Juliana Oliveira, Welton Travassos, Cristiane Parente, Efu Nyaki, Lucy Lopes, Isabel Lopes e Guilherme Ashara
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