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Volta às aulas no Ceará
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

Volta às aulas no Ceará

Tipo Opinião

O Estado do Ceará vem se destacando nacionalmente pelos bons índices que obteve nas últimas avaliações da sua rede de ensino público, a qual, inclusive tem alunos conseguindo ingressar em cursos concorridos de boas e disputadas universidades públicas.
Entretanto, com a suspensão das aulas devido à pandemia do coronavírus, o ensino público certamente foi prejudicado bem mais do que o ensino de colégios particulares, os quais contam com métodos modernos de ensino, estrutura tecnológica apta a proporcionar eficientes aulas remotas e todos os alunos com acesso à internet.
De outro lado, tem-se que a realidade dos alunos de escolhas públicas é outra bem diferente, uma vez que muitos não possuem acesso à rede de dados em casa ou mesmo não tem aparelhos para acessá-las como notebooks, tablets ou smartphones. Assim, como também as escolas públicas municipais e estaduais não possuem a mesma estrutura tecnológica que as da rede particular.
Nesse contexto, o prenúncio de que as aulas para os alunos da rede pública estadual voltarão em setembro é preocupante, seja pelo fato de que se voltarem totalmente de modo presencial colocarão muitas pessoas em risco, uma vez que as salas de aula terão enorme aglomeração, a qual ainda não é aconselhável pelo próprio Estado; seja pelo fato de que se parte das aulas forem de modo remoto muitos alunos e professores não terão como participar em virtude do déficit tecnológico que possuem em relação aos da rede privada de ensino.
De um modo ou de outro, o Estado deve garantir – e não transferir para os pais ou para os professores, que ao meu ver são os que mais sofrem por, em geral, não terem condições de ajudar mais seus estudantes – que os alunos tenham um ensino de qualidade e universalizado, tendo acesso à internet gratuita e aparelhos que possam acessá-la, sob pena de que o foço de oportunidades entre os alunos da rede pública e da rede particular não apenas aumente, mas também se instale entre os próprios alunos de escolas públicas.

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