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Dinheiro não traz felicidade. Será?
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

Dinheiro não traz felicidade. Será?

Tipo Opinião

No Brasil e em muitos lugares do mundo, em especial os que historicamente a Igreja possui grande influência na cultura e costumes de significativa parte da população, tem-se o hábito de se dizer que “dinheiro não traz felicidade” ou que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar pelas portas do céu”, além de várias outras frases castradoras de empreendedorismo, as quais são popularmente ditas por diversos motivos, menos pelos de representarem a verdade.
Assim, vamos acabar com esse mito!
Em primeiro lugar quem afirma que dinheiro não traz felicidade, na minha opinião ou nunca teve dinheiro ou nunca soube o que era felicidade ou no máximo teve tão pouco dos dois que não sabe distinguir a sensação de extrema felicidade que se tem quando se proporciona segurança e tranquilidade a quem se ama e quem depende de nós.
Digo isso, pois como sou de uma origem muito humilde – pobre mesmo! – passei parte da minha vida com medo de que faltasse dinheiro para o aluguel; de que minha mãe morresse na fila de um hospital público, pois demoramos muito para ter uma plano de saúde particular; de não conseguir prosseguir nos meus estudos, pois estudando em um colégio público a vida toda não era crível que eu conseguisse passar no vestibular de uma Universidade Federal ou Estadual; e diversos outros medos que a falta do dinheiro traz à vida de qualquer pessoa.
Assim, posso afirmar: mais verdadeira do que a frase “dinheiro não traz felicidade” são os índices que apontam a miséria como causa de depressão, essa doença terrível que assola milhares de pessoas, e que muitas vezes tem o seu início no desemprego ou por qualquer outro motivo que prive as pessoas de se sentirem tranquilas, seguras e minimamente confortáveis física e moralmente por não terem dinheiro.
Quantas crises conjugais que acabam em traição e divórcio se originam ou pelo menos se agravam pelas crises financeiras que os parceiros enfrentam?
Certamente, mesmo os que ainda defendem, sem nenhuma lógica, que “dinheiro não traz felicidade”, terão que convir que é muito mais fácil contornar uma crise conjugal viajando, ganhando e recebendo alguns presentes e em uma casa confortável, do que com o marido desempregado, a esposa com as unhas fedendo a detergente barato, a luz cortada e o aluguel atrasado.
O dinheiro pode até não trazer a felicidade dentro de uma caixinha de jóias, mas traz sim a paz, proporciona alegria e entretenimento, além de segurança, cultura e educação de qualidade, ou alguém acha que o ensino em um colégio particular caro é ruim?
Ademais, a falta de dinheiro reduz a autoestima de pessoas maravilhosas, as quais poderiam ser felizes muito mais facilmente se não lhes faltasse o mínimo para terem uma vida social e familiar com condições financeiras dignas ou será que alguma mãe consegue ser feliz vendo faltar leite para seu filho ou não podendo possibilitar uma moradia segura para sua família?
Eu já morei em um porão quando era criança e posso afirmar que se a sensação que tive quando pude mudar para uma casa de verdade não foi felicidade, foi algo com o mesmo sabor, cheiro e formato.
Dizer esses jargões irracionais contra a riqueza ou o dinheiro serve apenas para emocionalmente intimidar gerações de pessoas que poderiam ser felizes apenas por terem a possibilidade de acreditar que são capazes de buscar uma vida melhor.
Quem achar de verdade que dinheiro não traz felicidade deveria ir visitar uma instituição de caridade que vive apenas de doações ou uma Ong que cuide de animais de rua e também sobreviva apenas de donativos, pois verá a importância de se ter dinheiro.
Claro que o dinheiro não é a essência da felicidade e claro também que é possível ser feliz sem dinheiro, mas que será muito mais difícil será.
Portanto, caro leitor, não acredite que dinheiro não traz felicidade, pois, no mínimo, ele não impede que ela chegue até você.

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