Logo O POVO+
Bem X mal
Foto de Daniel Maia
clique para exibir bio do colunista

Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

Bem X mal

Tipo Opinião
Daniel Maia
Advogado, doutor em Direito e professor da UFC
 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal Daniel Maia Advogado, doutor em Direito e professor da UFC

É muito difícil definir se uma pessoa, uma coisa ou um fato é verdadeiramente bom ou ruim, pois a definição de tais conceitos, assim como de outros similares, como "bom", "mau", "justo", "injusto", etc. são definições extremas que geralmente não se confirmam com o passar do tempo.

Immanuel Kant, filósofo prussiano, dizia que as extremidades se encontram no erro. Talvez ele quisesse, com isso, dizer que não podemos ser extremos ao definir uma situação ou uma pessoa como "boa" ou "má", pois as circunstâncias mudam e as condições, tanto do julgador, quanto da própria pessoa avaliada, também podem mudar e aquele conceito atribuído a ela anteriormente pode não mais defini-la corretamente.

Entretanto, em uma sociedade em que cultuamos cada vez mais a rapidez das coisas ou, como diria Zygmunt Bauman, "a liquidez das relações", em que pessoas logo que são apresentadas já se adicionam em suas listas de "melhores amigos", mas, no dia seguinte, nem se lembram do nome real do outro; em que no primeiro mês de namoro postam fotos com a legenda "0.1: amor da minha vida", mas por motivos fúteis rompem e já aparecem com um novo "amor 0.1" em busca de likes; em que pessoas ostentam ter milhares de seguidores e se orgulham em não ter nenhum amigo, enfim, em uma sociedade de relações fulgazes, definir que alguém é bom ou mau é muito difícil e pode até mesmo configurar algum tipo de crime, pois o limiar de tolerância das pessoas também é superficial e quase tudo hoje em dia é passível e um "mimimi" supostamente discriminatório.

Assim, penso que melhor do que julgarmos com uma sentença definitiva e extrema se as pessoas são boas ou más, devemos fazer como o alfaiate do escritor francês George Bernard Shaw, o qual dizia: "A pessoa mais inteligente que eu conheço é o meu alfaiate, pois todas as vezes que vou a ele, ele me tira novas medidas. Mas, muitas pessoas da minha convivência me tiraram uma única vez a medida e me julgam somente a partir daquela."

Julguemos menos, vivamos mais! n

 

Foto do Daniel Maia

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?