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Você comeria lixo?
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

Você comeria lixo?

Advogado e professor Daniel Maia (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Advogado e professor Daniel Maia

Na última semana viralizou nas redes sociais e nos veículos de imprensa a cena de pessoas se espremendo para tentar coletar de dentro de um caminhão de lixo restos de comida para se alimentar em uma rua de um bairro nobre de Fortaleza.

A cena, desumana por si só, tomou contornos mais dramáticos quando a imprensa ao entrevistar tais pessoas que se alimentavam do lixo noticiou que elas já estavam fazendo isso há várias semanas, pois o desemprego e absoluta ausência estatal as obrigava a comer o lixo dos condomínios de luxo daquela rua.

Isso é barbárie!!!

O que mais me assusta é a perda da capacidade de se indignar que todos nós, o inconsciente coletivo, estamos sofrendo com cenas desse tipo.

De que adianta termos uma Constituição principiológica, recheada de direitos fundamentais e deveres estatais para com o seu povo, se na prática esse mesmo povo está tendo que comer lixo. Isso é um absurdo sem tamanho.

O Estado não será jamais eficaz se as pessoas que o Governam não forem capazes de materializar em ações o que a Constituição e os direitos fundamentais que ela alberga visa nos garantir. Do contrário, a Constituição e referidos direitos fundamentais serão apenas uma folha de papel, como dizia Ferdinand Lassale, sem nenhuma valia se não tivermos governantes capazes e com vontade de efetivá-la.

Cenas como essa de pessoas se degladiando para comer lixo não podem não nos indignar, pois ferem mortalmente a base, a núcleo de todos os direitos fundamentais de um Estado Democrático, qual seja, a própria dignidade humana.

Assim, não é preciso sequer respondermos a pergunta título deste artigo para que tenhamos a noção exata da gravidade da situação e possamos a partir de então cobrar dos governantes eleitos uma postura acima de tudo mais humana e cuidadosa com o povo, principalmente cm os mais carentes, que são a parcela da população que mais duramente enfrenta as mazelas sociais agravadas pela pandemia em nosso país.

 

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