
Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO
Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO
O Brasil vive hoje uma distorção de valores que beira o absurdo. Nunca se falou tanto em ser influencer, criador de conteúdo ou blogueiro digital. Parece que, de uma hora para outra, todo mundo esqueceu o valor dos trabalhos tradicionais. Enquanto milhões passam os dias em busca de likes, seguidores e parcerias, sobra vaga e falta gente para profissões fundamentais, como pedreiro, eletricista, encanador, mecânico, atendente e tantas outras.
A geração que sonha em viver da internet ignora que a vida real não acontece no feed. Quem constrói uma casa, levanta um prédio ou conserta uma tubulação não é o influencer que grava vídeo de dancinha no TikTok, é o pedreiro, o mestre de obras, o trabalhador que acorda cedo, enfrenta sol, chuva e poeira para entregar algo concreto, literalmente.
O reflexo disso é sentido diretamente pelos empresários, que sofrem para contratar. É comum ver anúncios de emprego que ficam semanas, até meses, sem um único candidato qualificado. Não é que falte trabalho, é que falta disposição. As pessoas querem a recompensa sem o esforço. Querem dinheiro fácil, fama instantânea e vida de luxo, sem entender que isso é exceção, não regra.
Enquanto o mercado de trabalho clama por mão de obra, o país caminha perigosamente para uma crise silenciosa, onde teremos muitos produtores de conteúdo e poucos produtores de verdade. Quem vai construir nossas casas? Quem vai manter a cidade funcionando? Quem vai atender no comércio, cozinhar, limpar, reparar, produzir?
Está na hora de encarar a realidade: o Brasil não se sustenta com likes. O país precisa urgentemente resgatar o valor do trabalho digno, honesto e fundamental. Menos influencers e mais pedreiros. Menos vaidade digital e mais compromisso com a vida real. Porque, no final das contas, seguidor não constrói parede e story não enche barriga.
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