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No Brasil não falta emprego, falta vontade de trabalhar
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Daniel Maia é professor doutor de Direito Penal da Universidade Federal do Ceará (UFC), sendo também advogado criminalista e colunista semanal do O POVO

Daniel Maia opinião

No Brasil não falta emprego, falta vontade de trabalhar

O assistencialismo cria cidadãos que se acomodam em benefícios pagos com o suor de quem realmente produz. É uma cultura que desvaloriza o mérito e premia a preguiça. Enquanto isso, setores essenciais sofrem com a falta de gente
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-04-2025: Reportagem sobre pessoas que participam do programa Bolsa Família e estão inseridas no mercado de trabalho. Na foto, Vitória Sousa. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-04-2025: Reportagem sobre pessoas que participam do programa Bolsa Família e estão inseridas no mercado de trabalho. Na foto, Vitória Sousa. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)

O Brasil enfrenta uma crise moral travestida de crise de emprego. Não faltam vagas, falta gente com coragem de trabalhar. A geração atual é marcada pela fragilidade, pelo comodismo e pela ilusão do dinheiro fácil. Muitos jovens desprezam profissões tradicionais e preferem viver de "conteúdo" em redes sociais, acreditando que a vida se resume a curtidas e seguidores.

O problema se agrava com programas assistenciais que alimentam a dependência e transformam o trabalho em opção, não em obrigação. Atualmente, no Brasil, são mais de 90 milhões de pessoas dependentes de programas assistenciais.

O assistencialismo cria cidadãos que se acomodam em benefícios pagos com o suor de quem realmente produz. É uma cultura que desvaloriza o mérito e premia a preguiça. Enquanto isso, setores essenciais sofrem: faltam pedreiros, motoristas, técnicos, agricultores. As vagas estão lá, mas a juventude foge delas como se fossem indignas, preferindo reclamar em vez de construir.

O mesmo ocorre no ensino superior. Estudantes de Direito, Arquitetura, Contabilidade e tantas outras áreas rejeitam estágios, pois não querem lidar com a pressão e o aprendizado prático que molda a carreira. Querem o diploma, mas não querem o esforço que o diploma exige.

Sonham com salários altos, mas recusam começar de baixo. São jovens que não suportam cobrança, não aceitam hierarquia e se acham especiais demais para encarar a realidade.

Essa mentalidade de vitimismo e preguiça corrói a competitividade do país. Sem disciplina, sem resiliência e sem vontade de trabalhar, a juventude de hoje ameaça comprometer o futuro de todos. O Brasil não precisa de mais influenciadores digitais nem de dependentes do governo.

Precisa de gente séria, que valorize o esforço, aceite desafios e entenda que progresso se constrói com suor, não com esmolas e ilusões virtuais.

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