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De qual debate político precisamos?
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

De qual debate político precisamos?

Tipo Opinião

A campanha para o segundo turno das eleições municipais se iniciou e o debate político, aquele realmente necessário para a escolha consciente do voto, ainda pode ser mais estimulado pela imprensa. Em Fortaleza, temos dois candidatos ao cargo de prefeito, que, entre trocas de acusações, direitos de resposta, alianças e desafetos, tentam conquistar votos.

Como a imprensa tem agido para mostrar ao público quem é quem? Ou parte da ideia de que o leitor, ouvinte, telespectador e usuário em geral conhecem amplamente ambos, sob os títulos de o "candidato de um" e o "candidato do outro"?

É verdade que nos falta mais empenho para executar, largamente, o famigerado debate - a discussão das ideias - entre os dois. Em todo o primeiro turno, apenas dois debates em TV foram realizados com os candidatos da capital cearense. Desses, apenas um em TV aberta, o que limita a audiência e a consequente repercussão.

Passada metade do segundo turno, ainda não tivemos debate nesta primeira semana. Em meio a uma pandemia, é claro que todos os cuidados sanitários são cruciais para candidatos e profissionais envolvidos nos trabalhos. Há meios, no entanto, para que a discussão seja viabilizada com segurança sanitária para todos.

Para termos uma ideia: no Recife, os candidatos Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB), que disputam a Prefeitura, participaram de um debate na quinta e se preparam para outro nesta semana. Em São Paulo, os candidatos Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (Psol) já participaram de dois debates. Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) também já protagonizaram dois, no Rio de Janeiro.

Checagem

No Rio, a propósito, um dos candidatos afirmou que "só participará de dois debates", porque, segundo ele, não daria para atender a todos os pedidos.

Em Fortaleza, enquanto um dos candidatos desistir de participar de debates, e o debate for cancelado por isso, continuaremos, como imprensa, a ficar à mercê de arbitrariedades dos candidatos, sem justificativas ao público. A imprensa precisa oferecer a oportunidade da exposição democrática, a partir de todos os candidatos. Se um se recusa a participar, é claro que não teremos um debate viável do ponto de vista democrático.

Mas, se isso fica nítido ao público, mostra-se a importância que os prefeituráveis selam à exposição das argumentações e ao confronto das ideias, contribuindo, portanto, para a formação crítica do público. É papel do Jornalismo também.

O POVO promoverá, nesta segunda, 23/11, debate com os dois candidatos à Prefeitura de Fortaleza, a partir das 18 horas, com transmissão pela rádio, redes sociais e Canal FDR. O POVO não promoveu debate no primeiro turno.

Além disso, é papel da mídia, em sua função informativa educativa, elucidar mentiras e boatos que se espalham, principalmente nestes tempos. Questões corriqueiras em tempos de eleição, como histórias de suspeição envolvendo a segurança das urnas e a contagem dos votos, podem parecer totalmente descabidas para algumas pessoas. Outras, no entanto, podem acreditar facilmente, o que gera um sentimento de descrédito em todo o processo.

As agências de checagem de notícias, que tanto se popularizam com a verificação de informações nesta pandemia, têm feito um trabalho de excelência em assuntos do tipo também. Isso precisa ser reproduzido, com mais frequência, nos veículos de comunicação, para chegar com mais capilaridade e objetividade ao público.

A apuração da informação, a checagem precisa e a divulgação da notícia devem ser, por certo, um processo naturalizado na atividade jornalística. Quando a mentira se espalha e precisa ser verificada para que não seja repetida como verdade, ela necessita de uma atenção cuidadosa. Por isso, investe-se tanto em checagem e divulgação do que é fato e do que é mentira, óbice constante para a disseminação da verdade.

O POVO tem uma área de checagem no portal, em que disponibiliza notícias verificadas, além de mostrar nas redes sociais informações cuja veracidade foi testada. É preciso reforço. É preciso analisar as falas dos candidatos, constantemente citando cifras, datas, números em geral, além de tergiversações sobre assuntos polêmicos. É do Jornalismo que se espera um comprometimento com a verdade, com base em fatos.

No Ceará, vamos eleger, no próximo domingo, os prefeitos de duas cidades, Fortaleza e Caucaia. É a oportunidade que temos de apresentar quem governará pelos próximos quatro anos. É o Jornalismo que mostra o que, muitas vezes, tentam esconder.

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