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Sobre ciclos que se encerram
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Sobre ciclos que se encerram

Tipo Análise

Começar um novo ano sempre parece renovar nossas esperanças. Este 2021, especialmente, já começa eivado da espera pelo novo - ou pelo renovo. É a vacina com a qual sonhamos, é o abraço de que precisamos, é a expectativa por bons e melhores governos. São muitas as histórias que o Jornalismo tem contado há alguns meses. Junto a elas, há eventos atípicos, ineditismos e ocorrências históricas.

No meio disso tudo, o Jornalismo continua sendo desafiado a informar com qualidade. Estar na função de ombudsman nesse tempo tem nos permitido reflexão, crítica constante, diálogo e busca pelo equilíbrio. Agora, quatro mandatos depois, esgotado todo o tempo descrito pelo Regimento do cargo, é hora de mudança.

No dia 7 de janeiro de 2014, quando assumi pela primeira vez o cargo, recebi a mensagem carinhosa do professor Agostinho Gósson, meu docente na UFC e ex-ouvidor da Universidade. "Daniela, Desejo a você todo o sucesso possível nas novas funções de ombudsman (não gosto dessa palavra; melhor seria ouvidora). (...) Inspire-se sempre na ética da solidariedade aos despossuídos do direito de informar e ser informado, e, ao questionar os colegas, exerça com abundância sua generosa paciência e humildade. Um grande abraço e feliz Ano-Novo para sempre. Do seu admirador, Agostinho Gósson."

Agradeci-lhe e conversei com ele algumas vezes depois. O professor Agostinho, referência em ética e em qualidade jornalística, morreu em dezembro de 2015, mas as lições de quem foi seu aluno são indeléveis. Assim como essa mensagem, que, anos depois, nunca apaguei.

Lidar com a crítica, sabemos, nunca é fácil. Somos - nós, jornalistas - constantemente agentes de análise, mas nos incomodamos quando essas avaliações recaem sobre o nosso trabalho e a nossa produção profissional. Mesmo que um veículo tenha um profissional pago para exercer essa crítica há 26 anos, ainda é provocador o trabalho de quem avalia.

Deixo o cargo agradecida pelo aprendizado singular adquirido nesses anos, construído a cada discussão. Nenhuma outra atividade no Jornalismo proporciona o conhecimento cotidiano e a prática que o ombudsmato oferece.

Diálogos

Tenho defendido o fortalecimento e a valorização da função de ombudsman no meio em que estamos, um profissional fundamental para refletirmos sobre o que produzimos e, consequentemente, corrigir rotas ou seguir no rumo. O Jornalismo nunca é para nós mesmos. Contamos histórias para um público que confia no que fazemos sob a chancela do "deu no jornal".

Redes sociais não substituem ombudsman. A crítica raivosa, sem um argumento balizado por conhecimento técnico ou pela expectativa de conteúdos com qualidade, como o leitor espera, não substitui o profissional.

Para um veículo, nem sempre é confortável ter um profissional pago para criticar. São fragilidades expostas, críticas escancaradas e vulnerabilidades apresentadas ao público e às concorrências. Para o leitor, é um canal de acolhimento das demandas, de mediação e de encaminhamento. O ombudsman é necessário.

No próximo dia 7, O POVO chegará aos 93 anos. A ouvidoria no jornalismo aqui existe desde 1994 - há 26 anos, portanto. O POVO hoje é um dos dois jornais do País que mantêm o cargo, inaugurado pela professora Adísia Sá, hoje ombudsman emérita. Quinze jornalistas assumiram a função.

Há muito ainda a ser feito, porque cada mandato é um evento específico norteado por um Jornalismo em recorrente transformação. Ter um ombudsman não é garantia de que tudo será bem-sucedido. No entanto, é uma autocrítica crucial do veículo para discutir o Jornalismo independente de que precisamos.

Agradeço aos leitores, ouvintes e telespectadores que entraram em contato buscando uma solução ou oferecendo sua contribuição. A cada um, muito obrigada pela confiança. Vocês são parte significativa da construção de um produto melhor.

Agradeço à Luciana Dummar, presidente do Grupo O POVO, pela independência e autonomia dadas a mim para administrar as avaliações críticas e, antes, pela responsabilidade a mim confiada.

Sou grata pelos diálogos com o diretor geral de Jornalismo, Arlen Medina Néri, e com os diretores da Redação, Ana Naddaf e Erick Guimarães, colegas caros a quem muito me dirigi e que sempre me ofereceram os devidos esclarecimentos, sempre disponíveis para o debate.

Aos colegas da Redação e aos profissionais dos demais setores, agradeço pelo recebimento das críticas e por todas as vezes que nos guiamos pela busca de um Jornalismo mais qualificado e pela satisfação do público.

E ao meu alicerce no Jornalismo, aos meus professores do Jornalismo (UFC) e das Letras (Uece), sou grata pela troca de conhecimento, pelas leituras, pelas mensagens e pelas lições além do ambiente acadêmico.

Como é tempo de mudança, a partir do próximo dia 7, assumo, com alegria, a Assessoria de Comunicação do Grupo O POVO, sob convite da presidente Luciana Dummar, e do diretor institucional, Jocélio Leal.

Pelo lado acadêmico, dou início neste ano ao Doutorado em Linguística na UFC. Sigo com coluna no O POVO. Que em 2021 possamos contar mais e melhores histórias. E continuemos na busca por um Jornalismo mais responsável e humanizado e que, mesmo sob constantes ataques, não se nega a mostrar os abusos. A liberdade de informar e o direito à informação precisam continuar sendo inegociáveis. Assim é que fazemos uma democracia mais forte.

 

ATENDIMENTO AO LEITOR

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 8H ÀS 14 HORAS

"O Ombudsman tem mandato de 1 ano, podendo ser renovado por até três períodos. Tem status de Editor, busca a mediação entre as diversas partes e, entre suas atribuições, faz a crítica das mídias do O POVO, sob a perspectiva da audiência, recebendo, verificando e encaminhando reclamações, sugestões ou elogios. Tem ainda estabilidade contratual para o exercício da função. Além da crítica semanal publicada, faz avaliação interna para os profissionais do O POVO".

CONTATOS

EMAIL: OMBUDSMAN@OPOVO.COM.BR

WHATSAPP: (85) 98893 9807

TELEFONE: (85) 3255 6181

(Se deixar recado na secretária eletrônica, informe seu telefone)

 

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