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Ao Gilmar de Carvalho, meu professor
Foto de Daniela Nogueira
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Ao Gilmar de Carvalho, meu professor

Para lembrar o professor, que morreu, por complicações da covid-19, no fim de semana passado
Tipo Opinião
Gilmar de Carvalho concedeu entrevista ao programa
Foto: Reprodução de vídeo Gilmar de Carvalho concedeu entrevista ao programa "Coletiva", da então TV O POVO

Ter tido o Gilmar de Carvalho como professor é das experiências mais ilustres. Gilmar era um ser inteligente e sensível, de frases polêmicas e humor afiado. Ouvia muito e bem, falava pouco e cirúrgico.

Gilmar acreditava na gente quando nem mesmo nós acreditávamos. A mim deu vários livros na faculdade. O primeiro foi o Padaria Espiritual, um livro de bolso do Museu do Ceará, apresentado por ele. Lembro que, ao fim de uma aula de Ética, nos semestres iniciais do Jornalismo na UFC, ele deixou a obra na minha cadeira e sussurrou: "É pra você". Foi um misto de surpresa e encanto.

As idas à sala dele eram sempre repletas de boa conversa, de admiração, de uma troca leve.

Falar com Gilmar era saber mais do Ceará profundo, era conhecer o Cariri e encantar-se com o Patativa. Era sempre uma alegria encontrá-lo no café do Passeio, no L'Escale do Centro (do piso de madeira).

Em uma troca de e-mails há pouco, Gilmar me escreveu, em linhas quebradas, típicas de verso, como sempre fazia: "Quero bem a você". Achei bonito, simples, sereno - e recíproco. E emendou: "Mas minhas relações com a mídia são bem ambíguas. Amor e ódio". Gilmar em essência.

O professor Gilmar, e escritor e compositor e pesquisador, imortalizou o sentimento do cearense com a chuva no seu livro Bonito pra chover.

Na tarde de domingo, entre lamentos, lembranças e saudade, coincidência ou não, era assim que estava o Céu, daqui.


Descanse em paz, professor Gilmar.

 

Foto do Daniela Nogueira

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