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Negacionismo, covid-19 e feminicídio são incluídas no vocabulário oficial
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Negacionismo, covid-19 e feminicídio são incluídas no vocabulário oficial

O acréscimo das palavras é um reflexo das mudanças sociais, econômicas e políticas. É a primeira atualização desde 2009
Tipo Opinião
Desde 2009 não havia atualização pela Academia Brasileira de Letras (ABL) (Foto: Divulgação/ABL)
Foto: Divulgação/ABL Desde 2009 não havia atualização pela Academia Brasileira de Letras (ABL)

A língua é dinâmica e, portanto, mais palavras vão sendo incorporadas ao nosso vocabulário à medida que há a necessidade do uso pelos falantes. Nos últimos anos, muitas delas passaram a ser usadas por nós, falantes, mesmo sem estarem incluídas oficialmente no dicionário. É o caso de “feminicídio”, “negacionismo”, “sororidade” e “pós-verdade”, por exemplo.


Essas foram algumas das palavras incluídas na mais nova edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Não havia atualização desde 2009 pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Desta vez, mil novas palavras foram incluídas, fazendo com que o Volp somasse 382 mil ao todo.

A pandemia de covid-19 também foi responsável pelo acréscimo de novos termos – muitos deles gerados nesse contexto. E o processo é natural: o termo passa a ser utilizado pelos falantes, é incorporado ao uso por alguma necessidade, normalmente difundido pela mídia e por textos acadêmicos, e chega ao vocabulário oficial.

É assim com “covid-19”, que é somada agora ao Volp. Ressalte-se: com inicial minúscula e registrada como substantivo feminino. Também com “telemedicina”, “teleinterconsulta” e “infodemia”.

Mas por que esse registro é tão importante para os falantes e para a língua portuguesa?
A ABL é a guardiã oficial do idioma. O Volp é, desse modo, o registro oficial de todas as palavras da língua portuguesa e de sua grafia. Esse registro agora é relevante, já que há 12 anos não havia uma atualização oficial do vocabulário.

Lembremos que, em 2009, logo após o Acordo Ortográfico (que gera dúvidas em muitos até hoje), a edição do Volp focou em indicar a grafia das palavras modificadas.

As relações sociais e políticas e o desenvolvimento tecnológico e econômico são causas de muitos desses acréscimos no nosso vocabulário. Da pandemia atual, há “covid-19”. Do universo digital, há “ciberataque”. De pautas identitárias, há “gordofobia” e “feminicídio”. Do âmbito político, há “necropolítica” e “judicialização”.

Além da inclusão das palavras novas, a sexta edição do Volp acrescenta estrangeirismos, como “crossfit”, “home office”, “lockdown” e “emoji”. Outros exemplos de palavras estrangeiras incluídas no Vocabulário são: “podcast”, “botox”, “bullying”, “jihad” e “chimichurri”.

O filólogo e professor pernambucano Evanildo Bechara é o coordenador da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da ABL, que é responsável pela elaboração do Volp.

“Com o grande volume de palavras que passaram a fazer parte do cotidiano da língua e a necessidade de corrigir falhas tipográficas e inserir informações adicionais, a equipe viu-se no dever de atualizar a nominata para oferecer ao público uma nova edição, aumentada em seu universo lexical e em dia com a evolução da língua”, justificou a ABL.

Ao atualizar o vocabulário oficial, a ABL, mesmo ciente de todas as variações linguísticas e das terminologias específicas existentes, enfatiza os termos de uso comum e ratifica que a última Flor do Lácio se transforma para continuar moderna e atual.

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