Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.
Discutir peculiaridades da língua portuguesa, seus reflexos na linguagem e desdobramentos na comunicação é um dos objetivos desta coluna, que, a partir desta segunda, assino quinzenalmente. A ideia é refletir sobre as possibilidades de comunicação em vez de ditar regras facilmente encontradas em quaisquer manuais. Afinal, o objetivo do uso da língua é promover comunicação entre os falantes. É certo que alguns contextos exigem o tratamento mais formal (culto), necessário em textos acadêmicos e empresariais, por exemplo. Em outros, a informalidade (coloquialidade) é plenamente aceita e funciona para a construção dos sentidos. Podemos construir uma comunicação mais gentil – nos textos como na vida.
O IDIOMA
“Flor do Lácio”, nome também do quadro do qual participo na Rádio O POVO às quartas, é uma expressão usada para se referir à língua portuguesa. Foi usada pelo escritor brasileiro Olavo Bilac, quando citou, no poema “Língua portuguesa”, o português como a última das filhas do latim. É válido lembrar que Lácio é uma região italiana onde se era falado o latim.
GOVERNADORA
Ceará tem a primeira mulher a comandar o Governo do Estado, Izolda Cela. É um feito inédito para a história cearense, tão acostumada a ter homens no topo de suas estruturas de gestão. Consequentemente, acostumada a ter “primeira-dama”, o título da mulher do presidente, prefeito ou governador, por exemplo. E qual é o masculino? Como chamar o marido da gestora – no caso da mulher em cargo político?
MARIDO
Há quem use o termo “primeiro-cavalheiro”, recomendado por alguns gramáticos. Alguns veículos de comunicação da imprensa têm usado a expressão ao se referir ao marido de uma gestora. Parte da imprensa adota, mas não é um termo consagrado nem dicionarizado. Não está no Vocabulário Ortográfico da Língua Brasileira (Volp).
VOCABULÁRIO
Não há, portanto, denominação específica. Pode ser inserido em edições futuras do vocabulário oficial, visto que tem aumentado a quantidade de mulheres no poder. Com a alta popularidade da expressão, ela tende a ser naturalizada. Afinal, a língua se faz pelo uso. É possível, assim, que a imprensa passe a usar “o marido da governadora” ao se referir a Veveu Arruda.
CAPACITISMO
Com o episódio envolvendo o ator Will Smith no Oscar, lembrou-se a questão do capacitismo, forma de discriminação contra pessoas com deficiência. O capacitismo na linguagem é um cuidado que precisamos ter a fim de evitar ofender ou reforçar estigmas. Chamar alguém de “especial”, “deficiente” ou “portador de necessidades especiais” é exemplo do que não se deve fazer. Terminologia recente já adota “pessoa com deficiência”, “pessoa surda” e “pessoa cega”. Evitemos o “portador da síndrome”. A gente porta livros, há quem porte armas... Mas não doença. O uso dos termos corretos contribui para a inclusão.
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