Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.
"José namora com Maria." É comum ouvirmos frases desse jeito, usando o verbo namorar e a preposição "com". Embora seja um uso bem corriqueiro na língua oral e na linguagem informal, o verbo namorar não precisa desse conectivo. Pela gramática normativa, devemos dizer: "José namora Maria". Essa relação que se dá entre o verbo e o complemento é chamada de regência verbal e pode acontecer com ou sem o uso da preposição. No caso do verbo namorar, é sem o uso. Assim, se for fazer o pedido a alguém nestes dias (embalado pelo mês do amor), faça a pergunta certa: "Quer me namorar?". (Tudo bem, o amor sempre é válido.)
Pela regra gramatical, o verbo assistir, no sentido de ver, observar, pede um complemento, que é a preposição. Assim, o certo pela gramática é "assistir a algo ou a alguém". Um exemplo: "Assisti ao jogo do Ceará ontem". O verbo assistir pode ser usado sem a preposição, mas em outro sentido: para auxiliar, socorrer. Exemplo: "O médico assistiu o paciente". Se o médico assistir ao paciente, ele apenas observará sem ajudar...
O verbo esquecer pode ser usado com e sem preposição - depende da conjugação pronominal. Como assim? Quem esquece... esquece algo. Exemplo: "Esqueci seu nome". E quem se esquece... esquece-se de algo. Exemplo: "Eu me esqueci do seu nome".
Prefiro isso.
Outro verbo de uso bem frequente é o preferir, cuja regência com preposição introduz um objeto indireto. Desse modo, prefiro alguma coisa a outra. Ouvimos e lemos muito, no dia a dia, que "preferimos alguma coisa do que outra". Pela norma culta, porém, o uso da expressão do que, nesse sentido, é errado. Veja os exemplos: "Prefiro uva sol a chuva", "Prefiro calor a frio".
Detalhe: com o verbo preferir, não é necessário usar expressão que mostre intensidade. Preferir já significa optar por algo, gostar mais de algo. Assim, evite frases como "Prefiro muito mais fazer isso" ou "Prefiro mil vezes morar aqui". É redundante.
QUESTÃO 1
(UFPel-RS) A frase que não apresenta problema(s) de regência, levando em consideração a língua escrita, é:
a) Preferiu sair antes do que ficar até o fim da peça.
b) O cargo a que todos visavam já foi preenchido.
c) Lembrou de que precisava voltar ao trabalho.
d) As informações que dispomos não são suficientes para esclarecer o caso.
e) Não tenho dúvidas que ele chegará breve.
Qual alternativa você marcaria?
Sobre a), vimos o uso incorreto do verbo preferir, com "do que". No c), vale a regra: lembrou algo e lembrou-se de algo. Quanto ao d), sabemos que dispomos de algo. Então, o certo é: "As informações de que dispomos...". E sobre e), lembre que temos dúvidas de algo. Assim, o certo é: "Não tenho dúvidas de que ele..."
O item correto é o b.
QUESTÃO 2
(Faepesul - Prefeitura de Criciúma - Enfermeiro 2022 - adapt.) Confira os casos de regência, observando o emprego da preposição para os verbos:
I. Você lembrou de sua matrícula no curso de alemão?
II. Quem informou o novo boletim aos jornalistas?
III. Para o lanche, eles preferem cachorro-quente a pizza.
IV. Eu tinha certeza de que ela iria se esquecer dos documentos.
Segundo as regras gramaticais, quais estão corretas?
Você marcaria qual opção?
Sobre I: como vimos, lembramos algo ou nos lembramos de algo. Está errado. Em II, informamos algo a alguém. Correto. Em III, uso certo do verbo preferir. E no IV, temos a certeza de algo; quanto ao esquecer: esquecemos algo ou nos esquecemos de algo. Correto.
Estão corretas II, III e IV.
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