É COMUM termos dúvida sobre qual particípio usar: pago ou pagado? Gasto ou gastado? Entregue ou entregado? Qual é o certo? Há verbos com um particípio e há outros, como esses citados, com duplo particípio (um regular e um irregular). O regular, em geral, termina com -ado ou -ido. O irregular, como o nome diz, varia bastante. Assim, são exemplos do particípio regular: pagado, gastado, ganhado, imprimido, entregado, suspendido, acendido. São exemplos do particípio irregular: pago, gasto, ganho, impresso, entregue, suspenso, aceso. E quando usar cada um?

Com ter ou haver

QUANDO TEMOS os verbos "ter" ou "haver" como auxiliares, usamos preferencialmente a forma regular do particípio (que termina com -ado ou -ido). Exemplos: "Eu já tinha pagado o sorvete", "Eu havia entregado o livro a ele", "Ela tinha acendido a luz".

COM SER OU ESTAR

QUANDO O AUXILIAR for o verbo "ser" ou o "estar", é hora de usar preferencialmente a forma irregular do particípio do verbo principal. Exemplos: "O sorvete foi pago por mim", "O livro foi entregue a ele", "A luz estava acesa".

Exemplos
de verbos

HÁ UMA lista de verbos que têm as duas formas do particípio. Veja alguns deles.

aceitar: aceitado/ aceito
acender: acendido/ aceso
benzer: benzido/ bento
expulsar: expulsado/ expulso
imprimir: imprimido/ impresso
matar: matado/ morto
pegar: pegado/ pego
salvar: salvado/ salvo
soltar: soltado/ solto
suspender: suspendido/ suspenso

Atenção: os verbos "chegar" e "trazer" têm apenas a forma regular no particípio. Assim, é incorreto, pela gramática normativa, usar "ele tem chego" ou "se eu tivesse trago". É "chegado" e "trazido".

SALVA A DICA!

"Começou a vacinação
para crianças de 0 a 2 anos."

NINGUÉM TEM zero ano. Assim, evite esse uso quando se referir a faixa etária. Pode-se dizer "para crianças de até 2 anos", por exemplo.

"Não houve vítima fatal."

LEMBRE-SE DE QUE fatal é aquilo que mata. Desse modo, nessa situação, não faz sentido usar "vítima fatal". O acidente pode ser fatal ou a tragédia pode ser fatal.

"Isso ocorreu há dois anos atrás."

Se já está usando o "há" para indicar o passado, não é necessário usar "atrás". É redundante. Pode-se afirmar: "há dois anos" ou "dois anos atrás".

"Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar."

Pela gramática, os termos "o mesmo" e "a mesma" não desempenham a função de pronome pessoal. Evite esse uso. É tão mais simples dizer: "verifique se ele está parado neste andar".

"A dívida chegou ao
valor de R$ 1,4 bilhões."

A concordância é feita com o número antes da vírgula. Assim, o certo é R$ 1,4 bilhão, não bilhões. No sentido completo: R$ 1 bilhão e 400 milhões.