Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.
Como usar de forma correta o substantivo que indica uma garantia de que aquele compromisso firmado será cumprido. Ou ainda evitar a redundância de "há dois meses atrás"
SUBSTANTIVO QUE INDICA UMA GARANTIA de que aquele compromisso firmado será cumprido, a caução é feminino e escreve-se com u no meio. Normalmente, refere-se a um dinheiro que pode servir como cautela para possível indenização de um dano, por exemplo. Exemplos: "É necessário pagar uma caução para o contrato de aluguel", "O valor da caução foi combinado com o proprietário". O calção, com L no meio e na forma masculina, também existe, mas indica uma peça do vestuário. Exemplos: "Comprei um calção na promoção", "O calção do menino é preto".
HÁ DOIS MESES
HÁ REDUNDÂNCIA em "há dois meses atrás". Ou usamos "Eu paguei há dois meses" ou "Eu paguei dois meses atrás". Os dois juntos, nesse sentido, não. O "há" já indica passado; portanto, não há necessidade de usar "atrás" na mesma frase.
LITERÁRIO
MAS RAUL SEIXAS CANTA "eu nasci há 10 mil atrás". Está certo? Há o uso da redundância literária, que é a repetição feita de forma proposital em textos literários, como uma música ou uma poesia. Tem o sentido de reforço semântico ou estilístico. Assim como Vinicius de Moraes faz em "E rir meu riso e derramar meu pranto". E Roberto Carlos canta em "Detalhes tão pequenos de nós dois". Todo detalhe é pequeno, sabemos, mas há também aqui a licença para o sentido literário.
EU TINHA PAGADO OU PAGO?
EXISTEM VERBOS, como o pagar, que têm duplo particípio (um regular e um irregular). O regular, em geral, termina com -ado ou -ido. São exemplos do particípio regular: pagado, gastado, entregado. O irregular varia bastante. São exemplos do particípio irregular: pago, gasto, entregue.
Quando há os verbos "ter" ou "haver" como auxiliares, usamos preferencialmente a forma regular do particípio (que termina com -ado ou -ido). Exemplos: "Eu já tinha pagado a conta", "Ele havia gastado demais".
Quando o auxiliar for "ser" ou "estar", usa-se a outra forma. Exemplos: "A conta foi paga por mim", "O dinheiro foi gasto por ele".
QUESTÕES
1. (Casa de Cultura Estrangeira/2025.2 - banca: FCPC/UFC)
No trecho "Embora o artigo se concentre no Homo sapiens, Miyagawa ressalta que outras espécies humanas extintas também tinham formas de comunicação, ainda que mais rudimentares." (linhas 30-31), a conjunção destacada poderia, sem causar prejuízo semântico ou estrutural ao período, ser substituída por: a) mas. b) visto que. c) apesar de. d) mesmo que.
Resposta: A conjunção destacada é "Embora". Ao substituir cada um dos termos, vê-se que o mais adequado com o sentido semelhante é o "mesmo que", letra d).
2. (UFPel-RS)
A frase que não apresenta problema(s) de regência, levando em consideração a língua escrita, é: a) Preferiu sair antes do que ficar até o fim da peça. b) O cargo a que todos visavam já foi preenchido. c) Lembrou de que precisava voltar ao trabalho. d) As informações que dispomos não são suficientes para esclarecer o caso. e) Não tenho dúvidas que ele chegará breve.
Resposta: No item a), há o uso incorreto do verbo preferir com "do que". Item b) correto: todos visavam ao cargo. No c), vale a regra: lembrou algo e lembrou-se de algo. Quanto ao d), dispomos de algo. Então, o certo é: "As informações de que dispomos...". E sobre e), lembremos que temos dúvidas de algo. Assim, o certo é: "Não tenho dúvidas de que ele...".
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