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Por que o portal do O POVO não atrai?
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Jornalista (UFC-CE) e licenciada em Letras (Uece), é doutoranda em Linguística (PPGLin-UFC), mestra em Estudos da Tradução (UFC-CE), especialista em Tradução (Uece) e em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais (Estácio). No O POVO, já atuou como ombudsman, editora de Opinião, de Capa e de Economia, além de ter sido repórter de várias editorias. É revisora e tradutora.

Por que o portal do O POVO não atrai?

Tipo Opinião

A quantidade de informações que temos à disposição para consumo, a todo momento, é imensurável. É por isso que o jornalismo na internet, como fonte dessas informações, precisa ser apresentado ao público, com todas as suas potencialidades, de modo atraente, impactante e, sim, acessível. Esse material precisa ser encontrado facilmente. Não é isso o que acontece com o portal do O POVO.

Ao abrirmos a página do O POVO Online, temos sempre o mesmo formato. Na hierarquização das notícias apresentada no leiaute do portal, a matéria mais urgente ou a manchete do impresso está sempre no canto superior à esquerda. Mas, independentemente de qual for a notícia, por mais urgente que seja, o modelo das seis chamadas, na parte superior da página, dedicadas geralmente às informações mais "quentes" (de última hora), não muda.

Não há uma variação que surpreenda o leitor, que provoque uma dinamicidade no portal e que seja atraente para quem acessa a página várias vezes por dia em busca de mais informações. Apenas duas das seis notícias ganham foto na parte superior. Mesmo assim, o modelo dessas imagens é invariável.

Nos últimos dias, houve acontecimentos que exigiram da imprensa nacional uma cobertura mais robusta. A soltura do ex-presidente Lula e a saída de Evo Morales da Presidência da Bolívia (e todos os desdobramentos no país) são exemplos de casos urgentes à época. O portal do O POVO deu destaque aos dois momentos, em manchete, com foto. Mas nenhum dos fatos mereceu tratamento especial na página, como deveriam. O molde ainda tradicional de noticiar as chamadas no esqueleto do site engessa a forma como publicamos.

Digital

Outro problema frequente - e antigo - é o serviço de busca dentro do portal, que não funciona. Para encontrarmos as matérias, é preciso recorrer aos buscadores da internet, em vez de esquadrinharmos os arquivos do próprio jornal.

É inegável que haja produção e conteúdo editorial e, portanto, jornalístico. As equipes produzem muito. Quando deparamos com os textos, a partir dos links compartilhados nas redes sociais ou quando estão na página inicial, por exemplo, percebemos que há muita informação. O problema é a má distribuição. Em muitos casos, não há a preocupação de reunir os textos por assunto a fim de facilitar que o conteúdo seja encontrado pelo leitor.

Tivemos vários exemplos recentes nos últimos tempos. O desabamento do Edifício Andréa, o óleo no litoral do Nordeste e a crise na Bolívia são exemplos de casos em que os conteúdos mereciam ter uma aba que facilitasse ao usuário encontrar tudo o que já foi publicado até ali acerca do tema. É interessante para o veículo, já que aumenta a interação com o público, e é interessante para o leitor, que consegue se informar de modo mais amplo, com todo o acervo à disposição. Atualmente, o leitor precisa sair à cata das informações, que normalmente não estão conectadas com a matéria anterior, em um portal cujo serviço de busca não funciona.

Fotos dentro das matérias e colunas também é um problema. Em muitos casos, tomam toda a tela. Caracteres especiais no lugar dos acentos é outra questão problemática que aparece por vezes.

É preciso ressaltar que há espaços de destaque voltados para as notícias de colunas, Agenda (cultural), Divirta-se, Impresso, vídeos e Especiais. Esses espaços têm o mesmo formato, e as chamadas variam ao longo do dia.

A criação das notícias, em uma era cada vez mais de convergência e multimidialidade, atende ao mercado exigente por informações online e ansioso por inovações. Assim, as novas práticas jornalísticas precisam acompanhar esse processo para a disseminação da notícia.

Em um ambiente com potencial altamente dinâmico e repleto de recursos a serem explorados como o portal, O POVO perde a oportunidade de ter todo o seu conteúdo bem apresentado e divulgado, com o jornalismo de qualidade que produz. Faltam ousadia e modernidade na exploração desses elementos.

Além disso, não se devem ignorar os aperfeiçoamentos do jornalismo em rede em um cenário no qual a gestão de conteúdo deveria colocar entre suas prioridades as potencialidades que o digital oferece. Ganharia O POVO em qualidade. Ganharia o usuário com um veículo mais avançado.

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