
Danilo Fontenelle Sampaio é formado em Direito pela UFC, mestre em Direito pela mesma Universidade e doutor em Direito pela PUC/SP. É professor universitário, juiz federal da 11ª vara e escritor de livros jurídicos e infanto-juvenis
Danilo Fontenelle Sampaio é formado em Direito pela UFC, mestre em Direito pela mesma Universidade e doutor em Direito pela PUC/SP. É professor universitário, juiz federal da 11ª vara e escritor de livros jurídicos e infanto-juvenis
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A memória olfativa é um fenômeno curioso, e os cheiros têm o poder de evocar lembranças vívidas, não sendo filtrado racionalmente.
Simplesmente associamos os cheiros com nossas emoções.
Provavelmente a maioria de nós tem um aroma específico que goste muito e que traz memórias bem claras de pessoas ou acontecimentos, sejam felizes ou não.
Há os que não suportam cheiro de hospital ou até mesmo de muitas flores, vez que recordam doença e sepultamentos.
Há os que apreciam o mormaço da chuva, o odor de bebê, o cheirinho de filhote de cachorro, do bolo assado pela avó e de milho cozido, tudo fazendo recordar da infância e de sentimentos intensos.
Li que a razão científica disso é que, quando inalamos um cheiro, as informações são enviadas diretamente para a amígdala, uma estrutura do sistema límbico que é responsável pelas emoções. Isso significa que os cheiros podem evocar memórias e emoções muito mais rapidamente do que outros estímulos sensoriais, como a visão ou a audição.
Além disso, a memória olfativa é altamente específica, ou seja, um cheiro pode nos lembrar de uma pessoa, lugar ou evento muito característico em nossa vida.
Assim, parece que nossos narizes se conectam diretamente onde nossas memórias e emoções são armazenadas e fungam por lá sem que tenhamos o menor controle, nos fazendo até escolher produtos ou atividades que nos lembrem algo agradável.
Ouvi falar até de pessoas que estudam sentindo um aroma específico e, nas provas, chegam bem perfumadas como maneira de reavivarem a memória. Não tenho a menor ideia se isso dá certo, e pode ser que o máximo obtido seja uma alergia ou perturbar os concorrentes.
Seja de uma forma ou de outra, não há dúvidas que os perfumes possuem uma força imensa em nos trazer lembranças involuntárias, principalmente aqueles que eram usados por um ex-amor.
Foi pensando assim que um amigo meu, com seus 60 anos bem vividos e recém-divorciado agiu, ao começar a se relacionar com uma moça bem mais nova. Ele assumiu a premissa que provavelmente a maior parte dos perfumes masculinos trariam lembranças de ex-namorados e, assim, começou a procurar um que ela não relacionasse com ninguém tão íntimo.
Percorreu lojas e mais lojas e só encontrou variações de perfumes amadeirados, cítricos, com tons de sândalo, patchouli, algas marinhas, musgo, notas herbais e até mesmo cardamomo (seja lá o que isso for), deixando a compra assim que a vendedora anunciava que eram os comprados por homens mais jovens.
Por entre aromas ditos refrescantes, energizantes, sofisticados, exóticos, clássicos e elegantes, ele acabou apelando para um antigo, que usava na juventude. Era certeza que a namorada jamais relacionaria esse aroma marcante e com personalidade com ninguém.
Foi assim, confiante, seguro e perfumado, que preparou o primeiro jantar romântico em seu flat recém-comprado.
Assim que a jovem entrou, foi logo dizendo, “Nossa, aqui tem um cheiro que me lembra meu avô”.
Maldito sistema límbico.
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