
Danilo Fontenelle Sampaio é formado em Direito pela UFC, mestre em Direito pela mesma Universidade e doutor em Direito pela PUC/SP. É professor universitário, juiz federal da 11ª vara e escritor de livros jurídicos e infanto-juvenis
Danilo Fontenelle Sampaio é formado em Direito pela UFC, mestre em Direito pela mesma Universidade e doutor em Direito pela PUC/SP. É professor universitário, juiz federal da 11ª vara e escritor de livros jurídicos e infanto-juvenis
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Os homens de antigamente eram os responsáveis pela caça a animais tanto para a sobrevivência quanto para reestabelecer a segurança de suas vilas, enfrentavam inimigos para preservar suas famílias, exploravam mares desconhecidos e territórios inóspitos visando a melhorias econômicas e pelo prazer da aventura.
Existem homens atualmente que fazem treinamentos estafantes para se tornarem aptos para diversos trabalhos perigosos, mergulham em poços escuros, soldam canos em profundezas oceânicas, escavam minas abissais, lidam com explosivos, prensas capazes de deceparem membros com facilidade, e toda uma gama de ferramentas que facilmente colocam em risco suas vidas.
No entanto, a sociologia, antropologia e a própria história têm poucos estudos e registros sobre uma criatura ao mesmo tempo comum, misteriosa e temível conhecida como "Homem Gripado". Este ser que, normalmente robusto e disposto, transforma-se diante de um resfriado comum.
O primeiro sinal da metamorfose é um espirro. Um simples "atchim!" e o valente homem, que enfrentaria tempestades e subiria montanhas, se encolhe. Com o nariz vermelho e os olhos lacrimejantes, ele assume uma postura de vítima de uma grande tragédia shakespeariana e a questão de “ser ou não ser” muda para “preparem meu caixão”.
Quando chega a tosse, parece que o homem, outrora indiferente a pequenos ferimentos, que cauterizava flechadas e cobria de pólvora talhos e tiros, agora se debate no sofá recitando seus últimos desejos e inventariando bens nos momentos que lhe restam.
As simples tarefas cotidianas de tomar remédios tornam-se desafios monumentais e o então Hércules suplica para puxarem o bico da garrafa d’água, em sua jornada épica de sobrevivência. A frase "Estou morrendo" é proferida com uma frequência dramática, acompanhada, é claro, de um olhar sofrido que implora, ao mesmo tempo, por cuidados a um agonizante e compaixão moribunda, nos últimos momentos antes da morte iminente.
A gripe, como todos sabem, incapacita os homens e o aproximar-se da geladeira visando a pegar uma simples garrafa de suco é feito aos percalços, apoiando-se nos móveis e paredes, com a cautela de quem caminha em campo minado. Tomar uma sopa é feito com parcimônia, como se fosse aquela a sua última refeição, o que agradece com um olhar lacrimoso e conformado.
Todo homem doente se cerca de arsenal de remédios. Pastilhas para a garganta, xaropes, vitaminas – todos são organizados em uma mesa de centro como um pequeno altar dedicado à sua recuperação. Cada medicamento é tomado com um ritual quase religioso, em um arfar desesperançado, seguido por contraditórios suspiros de alívio momentâneo e fé na alopatia.
A comunicação com o mundo exterior se limita a gemidos e mensagens breves, digitadas com o esforço de quem escreve um romance. "Estou doente", digita ele no grupo da família, preparando-se para as ondas de compaixão e na certeza de conselhos médicos não solicitados.
Quando melhora, interpreta como sendo aqueles momentos em que a morte desfaz um pouco o nó que o enforca apenas para poder se despedir propriamente dos entes queridos, e o faz com cerimônia e consternação. Não há mais esperanças para aquele que se vai.
Após dias de luta incansável, o homem começa a recuperar suas forças. O nariz desentope, a tosse acalma, e o guerreiro caído ressurge. Ele se levanta do sofá como que tomado por um tufão de força e vitalidade, com a dignidade de um rei retornando ao trono, pronto para contar a história de como sobreviveu à terrível "Gripe Masculina".
Isso tudo é descrito para as mulheres, ao sentirem as dores do parto, poderem imaginar o que um homem passa gripado.
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