Repórter especial e cronista do O POVO. Vencedor de mais de 40 prêmios de jornalismo, entre eles Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Embratel, Vladimir Herzog e seis prêmios Esso. É também autor de teatro e de literatura infantil, com mais de dez publicações.
Para muita gente, mesmo com o capital político de ex-prefeita e de deputada federal, Luizianne Lins não pontuaria tão bem nas pesquisas numa segunda tentativa de voltar ao Paço. Sim, porque a loira carrega as chagas e as delícias de ser do PT e, também, de ter um pífio desempenho na Câmara Federal.
Mas Luizianne é sempre uma empolgante surpresa. E é inegável a força feminina dela que tratora o machismo dominante na política e nas relações mais íntimas de quem a conhece. Uma mulher tão mulher que incomoda o falocentrismo dos Ferreira Gomes e o bolsonarismo messiânico do Capitão Wagner.
O aparecimento da ex-prefeita em segundo lugar anda dando um nó em algumas cabeças da militância de esquerda fiel a partidos probos, exemplo do Psol. Quem está ali é convicto, por exemplo, que Guilherme Boulos, em São Paulo, e Renato Roseno, em Fortaleza, são os nomes ideais para chegar à prefeitura.
São Paulo e Fortaleza vivem situações semelhantes e precisam de uma estratégia de esquerda para se opor ao avanço da mentalidade fascista no País.
Boulos vem subindo na intenção de votos, é o terceiro colocado na mais potente e mais melancólica das capitais brasileiras. E lá, o PT de Lula já experimenta um vexame de véspera com Jilmar Tatto.
Não por acaso, um manifesto do Fórum 21 rogou em mais uma tentativa de alinhamento entre as esquerdas. Para evitar a entrega de prefeituras a candidatos alinhados com o autoritarismo bolsonarista e a destruição, dia a dia, das políticas sociais, ambientais, de direitos humanos e do esforço democrático conseguido depois de 21 anos de ditadura militar.
É natural que Bolsonaro não se importe com os mais de 155 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Ou com o extermínio da pobreza - eliminada na bala, na fome e no desemprego. É dele o desdém pelo o outro. Mas não é possível que as esquerdas o ajudem a se alastrar quando insistem numa caminhada sovina, mesmo com as pesquisas mostrando a possibilidade de engrossar a disputa eleitoral.
Apoiar Boulos em São Paulo e Luizianne em Fortaleza é uma encruzilhada pragmática contra mais infelicidade desde a chegada do mitômano ao Planalto.
Sim, a política não segue a máxima da borracharia de Gerardo Bastos "onde um pneu é um pneu" e pronto, porém é preciso saber navegar quando a barbárie institucional ameaça sufocar a cidadania.
O manifesto do Fórum 21 pede que se generalizem uniões experimentadas como a de Belém em torno da candidatura de Edmilson Rodrigues, do Psol, com uma frente de PT, PDT, Rede, PCB, UP e PCdoB. Ou como em Porto Alegre ao redor de Manuela D´Ávila. E ainda em Florianópolis, Macapá, Recife, Manaus, Rio Branco e Campinas.
O efeito Luizianne é a novidade da campanha, mesmo que agora digam que isso era previsível. Não era. O ódio construído contra o PT depois da armação do impeachment de Dilma e o histórico de corrupção com o apego pelo poder turbinaram a ojeriza aos petistas.
Sinceramente, fosse para eleger um prefeito de Fortaleza, eu votaria em Jorge Mario Bergoglio. Não por ser bispo e viver a condição de papa. Não mesmo. É porque, o argentino encarna algo franciscano. Cheio de defeitos, mas nunca diria a idiotice de que "devolverá Fortaleza aos cristãos".
O outro em quem eu votaria, seria José Alberto Mujica Cordano. Foi presidente e senador e não deixou de andar de fusca nem de plantar flores.
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