Nem todo general é imbecil. Disse-me um quatro estrelas ruminando do Ceará o que se desfecha em Brasília e, de lá, para o resto do País. Mas há, sim, generais imbecis. Retrucou, depois de me avisar que não estava dando entrevista. Apenas conversando.

E quis confessar o arrependimento de ter votado em alguém tão "bizarro" para conduzir o País. Com todo o ranço contra a esquerda, a ponto de ainda hoje identificá-la com um comunismo dos anos 60/70, não esperava tanta "alteração" e "desgoverno". Palavras dele.

E não seria um preconceito contra um capitão que foi mais longe que um general fora da caserna. Não. Um dia, ele também ostentou as três estrelas de oficial intermediário. E sem querer ser cabotino, errou várias vezes, mas nunca foi tão "vaso" quanto o miserável de agora.

Vaso, no dicionário dos quartéis, é aquele sujeito emperrado na inteligência. Fundado na ignorância e que não consegue se curar de um endêmico senso comum. Um "sem noção" que duvida do homem na Lua e ainda sustenta que o chefe da família tem ovos. Aliás, coça-os acintoso quando assedia um "rabo de saia" que pede para ser "importunada" pelos decotes que exibe.

É a figura mais desqualificada e autoritária do Exército ou de qualquer força armada. Não dialoga porque não tem argumentos. E é de um falso moralismo bíblico ao pé da letra. Implacável com os "crimes" dos inimigos, mas jeitoso em minimizar os "deslizes" dos seus.

Tem uma família que é tal e qual o "desqualificado". Geralmente, uma "patroa" ou "dona encrenca" que é mais cheia de moral no quartel de que o próprio idiota. Uma mulher que não se importa quando o "maridão" usa a mão de obra de subordinados para serviços domésticos.

Os filhos, mal-educados feito o pai que os trata como "mocorongas" porque não são "safos" em nada, são números e têm alvoradas em vez de amanheceres. Geralmente, viverão encostados à sombra dele que vai "limpando as merdas" deixadas pelo caminho. Mas ele acredita que isso é coisa de "macho". Homem mole não sobrevive à guerra.

Há generais imbecis... Ele volta a fazer a observação. Pode ser que não existam no Ceará, diz-me. Talvez. Mas em Brasília está vazando pelo ladrão. É dele a afirmação narrativa. Não fosse assim, você acha, "um idiota" estaria tratando uma desordem sanitária mundial como devaneio? Pergunta-me.

Fico calado, apenas o escuto, mas puxo uma lembrança. O senhor voltou nele. Recordo-me duma conversa, na época da greve dos caminhoneiros. Ele era candidato. A ideia era fazer, aos poucos, deputados, senadores e, depois, partir para o Estados. Empolgaram-se com o inesperado. Uma onda Lula às avessas.

Uma nova "revolução!" Sem tiros, sem um arrancado de unha, um golpe pelo voto. Ele se treme quando falo em ditadura de soslaio. A "missão", o cutuco, era controlá-lo na Presidência. Mesmo presidente, era um capitãozinho medíocre e arrodeado de generais. Depois, os generais sucederiam.

Há generais imbecis, ele retorna com a afirmação. Livraram-se dele lá atrás, quando deu uma de terrorista de extrema direita. Lavaram as mãos, foram complacentes, botaram panos mornos... Mesmo criminoso, afinal, era um oficial de Escola.

Achando que poderiam manipulá-lo, generais viraram aias de um comandante de Companhia cheio de interesses pessoais perigosos. Ele dita. Não há interlocução nem dos quatro estrelas. Se não, troca o ministro da Justiça, os da Saúde, o da Educação, troca os secretários da Cultura. Ele é a cozinha dele.

É um idiota, mas há generais imbecis e coniventes. Diz-me. Prestar-se a ordens de comando erradas? Ele altera a voz. Maninho! Uma pandemia, mais de 16 mil mortos, e o boçal dizendo que o "pavor" tem provocado mais mortes que o vírus? Imbecil! Imbecis...

Esperando o quê? Que morra alguém de dentro de casa para entender que essa "porra" é "aloprada?". Tenho orgulho de ter chegado a general, não sou imbecil nem babá de um esquizofrênico que ainda dá uma de ser parte do Exército. Não é.

E o que você quer? Pergunta-me. Uma entrevista, respondo. Não dou entrevista, roupa suja se lava dentro da caserna. Diz-me e nos despedimos cordiais.