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Hamilton de Holanda celebra obra de Djavan em disco instrumental
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

Hamilton de Holanda celebra obra de Djavan em disco instrumental

Bandolinista Hamilton de Holanda recria obra de Djavan em disco instrumental com participações de Gloria Groove, Jorge Drexler e do homenageado
Tipo Análise
Hamilton de Holanda celebra obra de Djavan em novo disco (Foto: Brunini / Divulgação)
Foto: Brunini / Divulgação Hamilton de Holanda celebra obra de Djavan em novo disco

Historicamente, o bandolim é um instrumento muito ligado ao chorinho. E, como muitos já disseram, o chorinho é o jazz brasileiro. Atualmente, é impossível falar em bandolim sem citar o nome de Hamilton de Holanda, carioca que reinventou esse instrumento e se firmou com um dos músicos mais importantes do mundo. Já quando se fala em jazz no Brasil, poucos são os músicos populares que mergulharam nesse estilo tanto quanto Djavan.

Esse preâmbulo todo serve como uma boa justificativa para "Samurai", álbum em que Hamilton aborda a obra de Djavan. Lançado nas plataformas digitais pela Sony Music, o tributo reúne 12 composições do alagoano que vão desde clássicos (a maioria) até faixas mais obscuras. Por telefone, Hamilton conta que conheceu a obra do autor de "Faltando um Pedaço" ainda na adolescência, quando tinha uma banda que tocava MPB. "Mas, na verdade, o que me pegou mesmo foi que, quando eu voltei de Paris e vim morar no Rio de Janeiro, o primeiro artista que me chamou foi ele. Ele fez uma música para eu tocar, 'Vaidade'. A primeira apresentação da música era minha e nem tinha letra ainda. Depois ele fez a letra e gravou. Eu fiquei feliz e muito grato", acrescenta, dizendo que, desde então, ficou com esse projeto da cabeça.

Além do bandolim virtuoso de Hamilton de Holanda, "Samurai" conta com uma vastidão de músicos convidados que tentam dar conta da pluralidade da obra do homenageado. A começar pela banda-base, formada por Salomão Soares (piano), Thiago Big Rabello (bateria), André Vasconcellos (baixo), Rafael Rocha (trombone) e os percussionistas Armando Marçal e André Siqueira. A eles, somam-se o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, a saxofonista norte-americana Lakecia Benjamin e a cantora e flautista indiana Varijashree Venugopal, presente nos vocais de "Oceano".

"Samurai" conta ainda com um time de vozes que merece nota. A começar por Zeca Pagodinho, convidado em "Flor de Lis". "Trouxe o balanço carioca para o disco. Ele chegou no estúdio e perguntei se precisava imprimir a letra. Ele disse que não, que sabia toda e gravou de primeira", lembra Hamilton que chamou o uruguaio Jorge Drexler para cantar em "Lilás" ("Foi um charme. Não sabia se ele iria cantar em espanhol ou português. Ele que escolhesse"). O bandolinista também queria alguém da nova cena brasileira e chamou Gloria Groove para cantar "Samurai". Por fim, o próprio Djavan coloca voz em "Luz" e "Lambada de Serpente".

Para a seleção de repertório, Hamilton conta que começou pelo lado afetivo, as músicas que já conhecia, gostava e queria gravar. "Eu quis dar um panorama, porque ele tem esse lado nordestino, tem o samba, baladas, o groove, o lado latino", elenca o músico que "exercitou o desapego" quando viu que não gravaria tudo que estava desejando. "Queria músicas que combinassem mais com o bandolim, de uma forma artística. A minha linguagem estética combina muito com o que ele faz", comenta.

Aos 47 anos, sendo um dos músicos mais premiados do Brasil e reconhecido no mundo, Hamilton de Holanda reconhece as dificuldades da música instrumental no País. Ainda mais quando o maior consumo está nas plataformas de streaming, que ignora toda a cadeia de profissionais envolvida num disco, incluindo os próprios músicos. "Eu sou instrumentista por natureza, mas amo a música cantada. Desde que crie conexões, pontes entre as culturas. Meu pai dizia 'toque seu instrumento que você vai fazer muitos amigos pela vida'", lembra ele, negando que gravar um álbum todo dedicado a um dos mais populares compositores brasileiros tenha como intenção popularizar a música instrumental. "Não é exclusivamente de popularizar a música, mas de gerar soluções. A música do Djavan, para mim, está muito nesse lugar. A gente aprende com ela. É fonte de conhecimento, de evolução técnica. Ela tem um comprometimento com o tempo, com o passado de Luiz Gonzaga, com a vanguarda e com os pés nos dias de hoje. Ela ajuda a tornar os dias mais agradáveis. Tem tudo a ver com o que eu procuro para a minha própria vida", encerra.

Capa do álbum 'Samurai', de Hamilton de Holanda
Capa do álbum 'Samurai', de Hamilton de Holanda

"Samurai" faixa a faixa

  1. "Faltando um pedaço" ("Seduzir", 1981)
  2. "Malásia" ("Malásia", 1996)
  3. "Oceano" com Varijashree Venugopal ("Djavan", 1989)
  4. "Flor de lis" com Zeca Pagodinho ("A voz, o violão, a música de Djavan", 1976)
  5. "Irmã de neon" com Gonzalo Rubalcaba ("Malásia", 1996)
  6. "Luz" com Djavan ("Luz", 1982)
  7. "Asa" ("Meu lado", 1986)
  8. "Capim" ("Luz", 1982)
  9. "Lambada de serpente" com Djavan ("Alumbramento", 1979)
  10. "Lilás" com Jorge Drexler ("Lilás", 1984)
  11. "Sina" ("Luz", 1982)
  12. "Samurai" com Gloria Groove ("Luz", 1982) 

Hamilton de Holanda - Samurai, a música de Djavan

  • Produção de Hamilton de Holanda e de Marcos Portinari
  • Participação de Gloria Groove, Jorge Drexler, Djavan e outros
  • 12 músicas
  • Sony Music
  • Disponível nas plataformas digitais

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