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Virgínia Rodrigues volta a Fortaleza para show no Cineteatro São Luiz
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

Virgínia Rodrigues volta a Fortaleza para show no Cineteatro São Luiz

Com show dedicado a Paulinho da Viola e Tiganá Santana, Virgínia Rodrigues volta a Fortaleza para única apresentação no Cineteatro São Luiz
Virgínia Rodrigues volta a Fortaleza e se apresenta acompanhada por Ldson Galter (baixo acústico), Fabio Leandro (piano) e Cauê Silva (percussão)
 (Foto: Marcus Leoni / Divulgação)
Foto: Marcus Leoni / Divulgação Virgínia Rodrigues volta a Fortaleza e se apresenta acompanhada por Ldson Galter (baixo acústico), Fabio Leandro (piano) e Cauê Silva (percussão)

Antes de ouvir Virgínia Rodrigues cantando proponho um exercício de concentração e atenção. É preciso se desligar das pressões, das urgências, dos compromissos e escutar de verdade. Perceber os detalhes, as intenções, os sons por trás dos sons. Baiana treinadas em coros de igrejas e palcos de teatro, ela leva cada nota musical a uma outra dimensão e é capaz de fazer seu público flutuar quando canta.

Esse exercício de escuta pode ser testado nesse domingo, 19, quando Virgínia Rodrigues retorna a Fortaleza para única apresentação no Cineteatro São Luiz. Depois de muitos anos, ela volta à Capital com “Poesia e Nobreza”, espetáculo em que dá voz à obra de Paulinho da Viola e Tiganá Santana. Esse repertório foi escolhido para ser registrado em seu primeiro disco ao vivo, previsto para ser lançado 2024 nas plataformas digitais e em formato físico, como forma de celebrar seus 60 anos de vida e 25 de carreira (esses completados em 2022). No São Luiz, ela será acompanhada por Ldson Galter (baixo acústico), Fabio Leandro (piano) e Cauê Silva (percussão).

Pelas próprias contas, Virgínia só esteve duas vezes em Fortaleza. A última delas foi em 2005, quando participou da segunda edição do Festival Vida&Arte. “Eu estou muito feliz de voltar à praça nova. Sei nem se o povo lembra de mim”, brinca ela, em entrevista por telefone. Em uma das matérias que falavam de sua passagem por Fortaleza há 18 anos a descrevia como uma “cantora lírica”, provavelmente por conta do seu timbre único de mezzo-soprano.

Leia no O POVO + | Confira mais histórias e opiniões sobre música na coluna Discografia, com Marcos Sampaio

No entanto, ela mesma dispensa esse e qualquer outro rótulo. Em 26 anos de carreira e seis discos, ela já deu voz a afro-sambas, repertório dos blocos afro baianos, spiritual norte americano, sambas, clássicos nacionais de Tom Jobim, Chico Buarque e Caetano Veloso, e jovens compositoras como Luedji Luna e Mayra Andrade. “Eu canto música popular brasileira”, resume afastando qualquer ideia que restrinja sua arte.

O show “Poesia e Nobreza”, de certa forma, reafirma esse compromisso com a canção, a poesia e a mensagem. Mas também amplia sua concepção de música popular brasileira. “Eu sempre tive sonho de gravar só os dois. Acho que o Tiganá tem uma vibe muito parecida com a de Paulinho. São dois artistas negros de gerações diferentes. Adoro os dois”, comenta Virgínia que, na hora de decidir entre qual deles gravar, ficou com os dois. “Falei com o Tiganá: Eu tive uma ideia, no lugar de gravar só Paulinho, vai ser ele e você. Ele ficou emocionado. As canções dele me arrebatam. Você sai do seu lugar normal, você fica embriagada”.

Cantor, compositor, músico, professor, curador, tradutor e pesquisador, Tiganá Santana é baiano de Salvador e começou seus estudos de violão ainda adolescente. Hoje, aos 40 anos, ele acumula prêmios e apresentações pelo mundo com uma discografia que mergulha na cultura de matriz africana. Ao lado de Virgínia, ele concebeu e produziu o disco “Cada voz é uma mulher” (2019), em que ela interpreta compositoras de países da língua portuguesa, como Brasil, Cabo Verde e Moçambique. No álbum anterior, “Mama Kalunga” (2015), eles fizeram um apanhado de compositores negros, como Geraldo Filme, Moacir Santos e Paulinho da Viola.

No encontro de Tiganá com Paulinho, Virgínia traz para o show “Poesia e Nobreza’ canções como “Disu ye Mvula”, “Flor destinada” e “Reverência” do primeiro, e “Num samba curto”, “Minhas madrugadas” e “Nos horizontes do mundo” do segundo. Reverenciada como uma das grandes vozes brasileiras por publicações dos EUA e Europa, ela não se recente de ser menos conhecida no Brasil. “Eu faço música popular brasileira, mas que não é comercial. E também não canto coisas muito conhecidas. Eu gosto de gravar coisas menos conhecidas. Eu gosto de cantar aquilo que eu acredito. Se não fica sem vida, sem cor”.

Virgínia Rodrigues - Poesia e Nobreza

  • Quando: domingo, 19, às 18 horas
  • Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro)
  • Quanto: R$60 (inteira) e R$30 (meia). À venda no site Sympla e no local
  • Instagram: @cineteatrosaoluiz

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Foto do Marcos Sampaio

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