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Abrindo novas parcerias, Leoni apresenta canções inéditas em ótimo novo EP
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Marcos Sampaio é jornalista e crítico de música. Colecionador de discos, biografias e outros livros falando sobre música e história. Autor da biografia de Fausto Nilo, lançado pela Coleção Terra Bárbara (Ed. Demócrito Rocha) e apresentador do Programa Vida&Arte, na Nova Brasil FM

Marcos Sampaio arte e cultura

Abrindo novas parcerias, Leoni apresenta canções inéditas em ótimo novo EP

Encerrada a turnê de 40 anos de carreira, Leoni lança EP, regrava canções e se mantém olhando pra frente
Tipo Notícia
Leoni lança o Ep 'Baladas Sortidas', com canções inéditas e regravações (Foto: Carolina Warchavsky/ Divulgação)
Foto: Carolina Warchavsky/ Divulgação Leoni lança o Ep 'Baladas Sortidas', com canções inéditas e regravações

Carioca de nascença, Leoni mudou para São Paulo, onde reside seu filho, Antônio, que é produtor. Como um exercício para se enturmar com a nova vizinhança, o co-fundador do Kid Abelha e dos Heróis da Resistência reuniu vizinhos para cantar, compor e gravar. Entre eles, Zélia Duncan, Zeca Baleiro e Rômulo Fróes. Dessa "reunião de condomínio", nasceu o EP "Baladas Sortidas", com seis faixas, sendo quatro inéditas.

Como regravações, Leoni mostra sua versão - mais expressiva, com sintetizadores à frente - de "Nuvem Vermelha", de Ana Frango Elétrico (e Marina Nemésio) lançada no disco "Me chama de gato que sou sua". "Eu já ouço falar da Ana há muito tempo por causa do meu filho. O primeiro disco era mais cru, guitarra e voz. Aí o segundo eu já achei ótimo e esse terceiro achei maravilhoso", comenta refutando qualquer opinião que ignore a existência de novos bons compositores. "Tem uma coisa que eu acho meio injusta que a galera da minha idade sempre vem dizer: 'Por que não se faz mais música como antigamente? Não tem mais música boa hoje em dia'. Aí eu falo para os caras: 'Não, você que não está encontrando'. É tanta coisa sendo lançada ao mesmo tempo, que você não consegue descobrir. É como se tudo tivesse escondido a céu aberto. Resolvi que seria legal gravar uma música de alguém de uma geração mais nova para mostrar que tem músicas legais sendo feitas. Por exemplo, sou apaixonado por Sophia Chablau. Adoro a Ana Frango Elétrico, o Tim Bernardes", elenca.

A outra regravação é "Incapacidade de amar", parceria dele com Cazuza lançada no álbum de estreia dos Heróis da Resistência. Em "Baladas Sortidas", ela aparece com forte acento blues, mais provocativa, vitaminada pelo arranjo de sopros de outro ex-Kid Abelha, George Israel. Mas o EP avança quando mostra que Leoni mantém firme e verdadeira a voz que fez tanto sucesso com canções como "Garotos II", "Dublê de Corpo" e "Canção da Despedida", bem como a capacidade de criar melodias sedutoras, acessíveis e incrivelmente belas.

Dessa combinação, sai, por exemplo, "Quem nos dera", parceria com Zélia Duncan que nasceu durante a pandemia. Falando sobre a sensação de solidão, dos planos frustrados e do quanto a arte foi importante para enfrentar o período, eles descrevem um calendário de alegrias sem esconder uma ponta de melancolia. Outra parceria de "Baladas Sortidas" é com Zeca Baleiro, com quem ele canta "Te entendo cem por cento". A composição de Leoni, Frejat e George Israel é um diálogo com Camões sobre como o acaso se sobrepõe a tantos planos. Já "Fazia sentido no papel" conta com a voz de Rômulo Fróes numa conversa sobre as diferenças entre poesia e letra de música.

Antônio, Zélia Duncan e Leoni no dia da gravação de 'Quem nos dera'(Foto: Carolina Warchavsky/ Divulgação)
Foto: Carolina Warchavsky/ Divulgação Antônio, Zélia Duncan e Leoni no dia da gravação de 'Quem nos dera'

Voltando na sequência do parágrafo anterior, esta última é uma balada progressiva, de ares setentistas, com vozes espaciais, piano discreto e marcante, que parece ter saído de um disco de Hyldon. Já a anterior, é uma típica balada radiofônica, que começa grave e explode no refrão. E "Quem nos dera" também remete aos anos 1970, mas ao pop dançante que, se fosse uma música de amor, poderia ser cantada por Lady Zu ou Claudia Telles. E o EP se completa com "Tenta", uma balada soul, puro Tim Maia, que também nasceu durante a pandemia e reafirma uma mensagem: "Vai ficar tudo bem". "É um pouco também falando do papel da arte. Por que sem a arte, durante a pandemia, todo mundo tinha enlouquecido, né? Você ficar preso dentro de um apartamento sem um livro, uma série, um filme, uma música... Era só o apartamento fechado", relembra.

Autor de baladas históricas, como "Como eu quero", "Sinal dos tempos" e "Só pro meu prazer", Leoni acaba encerrar a turnê que comemorou seus 40 anos de carreira que começou no disco "Seu Espião", do Kid Abelha. Depois de mais um álbum, ele montou os Heróis da Resistência que viveu uma trajetória errática até encerrar em poucos anos - o disco de estreia da banda completa 40 anos em 2026. Desde o início dos anos 1990, ele é, de fato, um artista solo que lançou sete álbuns e equilibra momentos de forte exposição com outros mais discretos. Some a isso uma produção frequente de singles com André Abujamra, Henrique Portugal, Leo Jaime, Rodrigo Maranhão e outros.

Numa auto avaliação sobre esses 40 anos de estrada, Leoni afirma: "Eu sei que eu componho melhor do que eu compunha. Isso não quer dizer que vai fazer mais sucesso, mas eu sei que eu tenho mais recurso, entendeu? Tenho mais recursos para fazer melodias mais elaboradas. Principalmente: eu me divirto muito com o processo. Eu posso ficar muito tempo burilando uma letra, uma melodia, trocando acorde, um arranjo. Eu gosto disso. Eu sei que no final as músicas são mais bem acabadas". Ele ainda acrescenta que a vida lhe deu mais repertório e a capacidade de falar de temas além do amor tão presente no início. Casado há 31 anos com Luciana Fregolente, não faz mais sentido abordar paqueras e conquistas. "Por outro lado, eu sinto que eu perdi uma ingenuidade que também era bacana no começo. Umas músicas curtinhas, com refrão curto, de uma frase só. Eu não consigo mais fazer isso, né? Também nem tento, o que aparece não é isso. Eu sei que foi para um outro lugar. Não sei se isso é um refinamento. Eu acho que não, acho que é uma mudança mesmo de interesse", explica.

Mona Gadelha lança novo single em parceria com Rômulo Fróes e Rodrigo Campos
Mona Gadelha lança novo single em parceria com Rômulo Fróes e Rodrigo Campos

Notasmusicais

Quanto riso

Já está no ar o novo single de Mona Gadelha, "Mar de Riso", fruto da parceria da compositora cearense com os paulistanos Rômulo Fróes (direção artística) e Rodrigo Campos (guitarra, cavaquinho, percussão e produção musical). Também dessa conexão CE-SP, Mona lançou os singles "Fortaleza ou nada" e "Do outro lado da cidade".

Nova era

Após seis anos como vocalista da banda Concreto e Asfalto, o cantor e compositor cearense Israel Ribeiro inicia um novo momento como artista solo. O single que abre a nova fase é o rock "O Estado", cujo clipe - previsto para este mês - mostra uma Fortaleza devastada feita em IA. O disco de estreia está sendo produzido por Matheus Brasil, com previsão para setembro.

Efeméride

Edinho Vilas Boas apresenta na quinta-feira, 21, às 20 horas, no Theatro Via Sul, o show que comemora seus 29 anos de carreira. A apresentação conta com convidados como trio Tannat, Marcos Lessa e Edmar Gonçalves. O show de abertura é com Yayá Vilas Boas e Vinicius Vilas Boas, seus filhos. Os ingressos estão à venda na plataforma Uhuu.

Pôr do som

O Dragão do Mar retoma hoje, às 19 horas, o projeto Pôr do Som, que busca aproximar o público da música instrumental. Esta primeira edição conta com dois shows: Tito Freitas (piano) e Thesco Carvalho (trombone), José Portillo (piano) e Cuca Teixeira (bateria). As apresentações são gratuitas e acontecem em frente aos cinemas.

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