Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor-associado da UFC, tem experiência na área da medicina, com ênfase em cardiologia, atuando principalmente nas áreas de sistema nervoso autônomo, sistema cardiopulmonar e doença de Chagas. Foi secretário de Saúde do Ceará entre 2019 e 2021
A democracia do futuro, da inteligência de dados e da transparência resgatará a credibilidade, não por expandir ou acrescer recursos ao parlamento, mas pela redução de custos e aumento da eficiência
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Pela democracia
Desde muito jovem cultivo o hábito de pensar, de correr o mundo em histórias, em me projetar noutros tempos. Certas vezes, cheguei a escrevê-las em quadrinhos, impulsionado pelos autores da minha época, pela literatura, pela música e poesia, ou mesmo por escutar. Escutar nossos pais, tios, avós e parentes nas suas realidades e discussões sobre o mundo vindouro.
Nesse contexto, arrisco-me numa análise intuitiva dos dias atuais, consciente do que isso representa, um acúmulo de informações codificadas ao longo dos anos, quiçá de gerações. Pois bem, esse tal mundo VUCA, de transformações instantâneas, de realidades fugazes, são demonstrações inequívocas da atual transição.
Esse big brother generalizado das mídias sociais, uma inundação de informações e exposições da vida privada, transmitem essa beligerância por expor nossas contradições, nossos medos e até nossas pulsões. Mas, também, propiciará uma reflexão sobre a fragilidade da existência humana.
Em tudo expomos um mundo em mais uma transformação, dando espaço para adivinhações, projeções e ficções sobre o que há de acontecer.
A comprovação de parte do descrevo está na conformação da nova realidade do núcleo familiar e dos relacionamentos. Impulsionados pela mudança constante de valores, de profissões, de cidades e de línguas, será preciso assumir um ser mais mutante.
Era, assim, previsível o desgaste das instituições, dos órgãos de representação e de poder. Passamos a assistir a líderes fragilizados pela sua humanidade, seu comportamento comum e controverso. Já não representam o ideal imaginário dos mitos de outrora, são de carne e osso.
A falta de representatividade é demonstração óbvia das implicações dessa exposição, pois a nudez do sistema e das pessoas atraem conflitos e desesperança. Põe em dúvida o sistema vigente, a democracia da crise, incapaz por ser demasiadamente humana.
No entanto, estamos no caminho de mais um futuro. E a democracia do futuro, da inteligência de dados e da transparência resgatará a credibilidade, não por expandir ou acrescer recursos ao parlamento, mas pela redução de seus custos e pelo aumento da eficiência.
A democracia será direta, à semelhança do que aconteceu no passado e que acontece nos cantões da Suíça. O governo se obrigará a expor seus problemas de forma clara e verdadeira, o julgamento acontecerá em plebiscitos digitais. Caberá aos poucos parlamentares organizar as pautas baseadas nos diagnósticos de comissões de análise técnica.
O mundo terá uma governança única voltada para resolver distorções econômicas e para promover competências, direitos e obrigações entre os países.
Haverá recursos adequados para a democracia do futuro, nessa nova ordem o estado não será nem grande nem pequeno, será do tamanho necessário para garantir eficiência na aplicação dos recursos. Sei que parece até um sonho, mas é o caminho inexorável do conhecimento e da evolução, saber lidar com nossa condição humana, entre acertos e erros, e, entre o que é atávico, dentro das condições contemporâneas.
Não haverá somente um líder, esse não será um ser perfeito, mas serão milhares, sucessivamente, determinados, transitoriamente, a cumprir sua missão.
Seremos homens a busca de mudar diariamente, com a convicção de que um hábito pode se transmitir geneticamente para as próximas gerações.
É assim que eu penso!
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