Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor-associado da UFC, tem experiência na área da medicina, com ênfase em cardiologia, atuando principalmente nas áreas de sistema nervoso autônomo, sistema cardiopulmonar e doença de Chagas. Foi secretário de Saúde do Ceará entre 2019 e 2021
Sócrates afirmava que a ruína de uma sociedade acontece pela sujeição da lei ao governante e sua salvação pela imposição da lei sobre os governantes, tornando-se, a si mesmos, obedientes à lei
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Lula sanciona orçamento e veta R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares
Discordo da estratégia que justifica a forma pragmática que perpetuamos o poder em nosso país. Refiro-me a escolha de estratégias de poder em detrimento de noções ideológicas, ou seja, às custas do sacrifício do bem comum. Faz-se, frequentemente, com políticas coercitivas e imorais. Para Nietzsche, trata-se de um tipo de ceticismo moral, onde as relações de poder tendem a destruir todas as pretensões de fundamentação moral.
No pragmatismo desprovido de qualquer conceito ideológico se estabelece uma relação promíscua entre os poderes, visto que a lei rege as relações entre o poder e a sociedade. Sócrates afirmava que a ruína de uma sociedade acontece pela sujeição da lei ao governante e sua salvação pela imposição da lei sobre os governantes, tornando-se, a si mesmos, obedientes à lei. Infelizmente, nos dias atuais, continuamos a assistir a implantação de leis formuladas para manter os interesses dos governantes.
Assim, a “Realpolitik” é aplicada para assegurar interesses, requerendo o sacrifício de princípios ideológicos. Um dos exemplos, aconteceu nos EUA durante as administrações de Nixon e Reagan, as quais, frequentemente, apoiaram governos que violavam os direitos humanos, em princípio, para assegurar o interesse nacional norte-americano.
No Brasil, podemos citar a proposta da reeleição e, principalmente, a governabilidade obtida pela cooptação do legislativo através de favores e emendas parlamentares desprovidas de qualquer critério de eficiência em sua aplicação. Assim sendo, formam-se concepções diferentes. Pois, para os opositores são atitudes imorais, enquanto para os situacionistas um argumento de que estariam operando nos limites práticos.
Pois bem, o que fazermos para reverter esse destino social perverso?. A meu entender, alguns pontos devem ser lembrados para uma análise mais crítica. Em primeiro aspecto foi a vida em comunidade que permitiu a expansão da civilização humana, e através da preservação da sua identidade, dos seus conceitos e valores. Em segundo, entendemos o mundo como comunidades, países sem fronteiras.
Dessa forma, seria conveniente pensar sobre uma outra proposta de organização de sociedade, ou seja revertendo o modelo atual e de séculos passados. Luc Ferry propôs uma "política de civilização" que norteia-se em questões práticas, fundamentadas no coletivo a serviço das pessoas. Trata-se de uma mudança de paradigma, pois modifica a atual visão de Estado e volta-se para o binômio família e empresas, propondo estratégias objetivas, econômicas e sociais, como meio de mudança da realidade atual.
Mas, para tal, precisamos crer na possibilidade de mudar, como dizem realizar um “Turnaround”, ou seja, romper com a “ realpolitik “. Creio ser a única forma de restabelecer a credibilidade e fortalecer a democracia. Provavelmente, um saída inexorável. Espero que aconteça de forma espontânea, inteligente e justa. Se não, vamos assistir ao aumento da barbarie em que já vivemos.
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