Logo O POVO+
Editorial: Jovens e adolescentes assediadas na internet
Foto de Editorial
clique para exibir bio do colunista

O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública

Editorial opinião

Editorial: Jovens e adolescentes assediadas na internet

Tipo Opinião

O vale-tudo em que se tornou a internet, quando usada por mentes amorais, ganhou novamente as manchetes do noticiário com um caso registrado no Ceará e que repercutiu no País inteiro: a denúncia de assédios a adolescentes, fotos e vídeos íntimos partilhadas sem consentimento e até casos de estupro, cujo teor foi exposto pela hashtag #exposedfortal que, ao ser partilhada no Instagram e no Twitter, passou a reunir relatos das vítimas e os nomes dos supostos agressores. Os fatos estão sendo apurados pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca).

O escândalo veio à tona quando prints com uma lista de garotos, adolescentes e adultos pertencentes ao grupo de WhatsApp (com muitos conhecidos e amigos das vítimas) foi vazada por um dos membros. Os relatos apontam que, supostamente, no grupo, rapazes além de trocarem conteúdo íntimo sobre garotas, sem consentimento, dariam notas e até mesmo ordenariam ataques em mensagens privadas com insultos e ameaças às vítimas que tiveram as fotos vazadas. A reação de uma garota inconformada, expondo os nomes dos supostos agressores, fez as denúncias de assédios e importunação sexual contra os membros do grupo se avolumarem na internet. O POVO apurou que parte dos garotos expostos estão registrando BOs (Boletins de Ocorrência) e devem acionar a Justiça.

Casos semelhantes já ocorreram no Interior, como em Sobral e a região do Cariri, e em outras capitais: São Paulo, Curitiba e Aracaju. Seguem a mesma toada: assédio verbal, sexual, estupro e divulgação de vídeos e imagens íntimas sem o consentimento das vítimas. Sem desprezar a obrigação do poder público em investigar, punir e coibir tais crimes, especialistas apontam ser indispensável a movimentação das mulheres (as mais atingidas), no sentido de denunciar eventuais violências sofridas em redes sociais para encorajar outras mulheres a fazerem o mesmo, dissuadindo potenciais agressores e sobretudo pressionando em favor de sua identificação e prisão.

Contudo, os danos vão muito além das reparações legais, visto que podem comprometer definitivamente a saúde psicológica das vítimas, com maior realce para jovens e adolescentes com longa vida pela frente. O trauma deixa resquícios muitas vezes incontornáveis para pessoas muito sensíveis. É sempre difícil não deixar marcas indeléveis, redobrando a necessidade de a sociedade apoiá-las e solidarizar-se com elas para que superem, o quanto for possível seus efeitos.

Da parte de pais, escola e poder público as exigências são ainda maiores no sentido de alertarem esse público para a necessidade de se resguardarem ao navegar nas redes sociais, posto que vulneráveis à sanha de mentes doentias, virtuais, aproveitando-se da inexperiência deles. Essa é uma ameaça sobre a qual a sociedade deve se debruçar permanentemente. Devendo o Estado liderar esse processo para conter os criminosos. 

 

Foto do Editorial

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?