O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
O que O POVO pensa sobre os principais assuntos da agenda pública
Novo vexame se abate sobre o governo Jair Bolsonaro: a demissão do novo ministro da Educação que acabara de nomear, em substituição a Abraham Weintraub. É o terceiro a ser demitido na Pasta, em um ano e meio de governo. O primeiro, o colombiano Ricardo Vélez, durou apenas três meses. Este último, Carlos Alberto Decotteli, foi acusado de fraudar o currículo profissional.
Falar em amadorismo do governo na escolha de seus auxiliares, tem sido recorrente. É insólito que isso ocorra na pasta da Educação, cujo valor estratégico para o destino da Nação salta à vista. Pois, lida com o ensino e a pesquisa e pode fazer do conhecimento a principal alavanca para o País conquistar um lugar respeitável entre seus pares. Entretanto, até agora, o cargo tem sido presa da ação de titulares totalmente desconectados com essa vocação e entregues à tarefa de desfazer as conquistas (ainda que modestas) obtidas pelo Brasil nessa área. Ou seja, fizeram-no retroagir a fases que já se imaginavam superadas, de quando o obscurantismo ideológico e político oprimia as mentes críticas, livres e criativas. Flertam com o anti-intelectualismo, a anticiência e a intolerância mais obtusas, e se deixam arrastar por um ideologismo tosco e reacionário.
Não é à toa que os dois primeiros ministros da Educação assumiram a condição de intolerância para investir contra as Instituições de Ensino Superior (IES), querendo suprimir-lhes a autonomia institucional, financeira, política, pedagógica e de gestão, garantidas pela Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Tudo dentro da perspectiva de atingir o ensino público e subordiná-lo a critérios avessos à sua natureza pública e universal.
A liberdade de crítica, a pluralidade, a diversidade de enfoques, inerentes ao ambiente acadêmico, têm sido encarados como "perversão ideológica" a ser erradicada pela "guerra cultural" voltada para mudar a matriz intelectual e cultural. Um delírio que introduziu no meio educacional um ambiente de ódio que envenena todas as relações e atinge a alma da Nação.
Nos níveis médio e básico do ensino público, o tom é o mesmo e se tenta incutir o conformismo ante a realidade contraditória de um País destroçado pelas desigualdades sociais. Na crença de que jovens da periferia seriam revoltados por falta de valores morais e não por causa da realidade social deteriorada que os mutila, criam-se Escolas Militares para moldá-los à base de disciplina militar.
Enquanto se insistir nesses rumos, o quadro real da Educação brasileira ficará ainda mais distorcido e capenga, deixando o Brasil na rabeira do desenvolvimento econômico e social, mundial. Uma pena, pois teria tudo para ser o contrário.
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