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Editorial: Iniciativa contra informações falsas
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Editorial: Iniciativa contra informações falsas

Tipo Opinião

Pela primeira vez em sua curta, porém impressionante história - em 15 anos saiu de um empreendimento restrito para posicionar-se entre as cinco maiores empresas dos Estados Unidos - o Facebook tomou uma decisão que chamou a atenção em todo o mundo: a derrubada de um grande número páginas na sua rede, em vários países, o que Mark Zuckerberg relutava em fazer.

Em uma tacada, foram removidas 480 páginas em 11 países; 73 delas no Brasil, vinculadas a partidários do presidente Jair Bolsonaro. Segundo comunicado do Facebook, o método utilizado por essas páginas deletadas era uma "combinação de contas duplicadas e contas falsas" para driblar as regras de uso da empresa digital. As contas de apoio a Bolsonaro no Facebook e no Instagram somavam 1,8 milhão de seguidores.

Os fraudadores, diz a nota oficial, também criavam personalidades fictícias, "posando como repórteres" para postar conteúdo e, ainda, "gerenciar páginas disfarçadas de empresas jornalísticas". O Facebook lembra que parte dessas contas já havia sido derrubada por "violações dos padrões da comunidade, incluindo discurso de ódio". É importante ressaltar que a empresa de Zuckerberg tomou essa decisão com base em relatório independente, produzido pelo Laboratório Forense Digital do Atlantic Council.

Ressalte-se, porém, que, até o momento a gigante de tecnologia vinha se recusando a tomar iniciativa de tal monta contra grupos especializados em criar informações falsas e disseminar o discurso do ódio. O argumento utilizado era que a "livre expressão" tinha de ser garantida em suas redes. Porém, esse direito não pode se confundir com o verdadeiro negócio que se transformou a produção profissionalizada de mentiras, travestidas de notícias, uma máquina de destruir reputações, movida por motivos pecuniários ou políticos.

O que a fez mudar de ideia foi a crescente pressão de movimentos sociais, anunciantes e governos do mundo inteiro, que lutam por submeter essas empresas de tecnologia a algum tipo de controle, inclusive quanto ao respeito das leis de cada país. Companhias como a Coca-Cola, Puma e Adidas, uniram-se a uma campanha internacional de boicote à publicidade no Facebook, devido à total falta de controle sobre o discurso do ódio que toma conta de suas páginas. E não se trata, como pode ser visto nessa primeira iniciativa de grande porte, de indivíduos que usam a rede para dar vazão a instintos primitivos. São associações criminosas, que dispõem de recursos para operar, pois custa caro manter uma rede de contas em operação.

Por isso, essa importante ação do Facebook será insuficiente se não forem identificadas as fontes de financiamento desse negócio subterrâneo, de modo privá-lo de recursos. É preciso ter claro que a disseminação de informações falsas, nas quantidades industriais com que são geradas, significam grande risco à democracia. 

 

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